Acervo IBGE
Na iminência da elevação da
Pampulha a categoria de patrimônio cultural da humanidade, é de suma
importância traçar um breve histórico da região e de toda a sua importância
para Belo Horizonte, região, aliás, nunca abordada diretamente pelo Curral del
Rey, apenas por “pinceladas” dadas no momento da construção do Complexo
Arquitetônico e da sua contribuição para a bacia do ribeirão da Onça, que nada
mais é que a bacia do ribeirão Pampulha.
A região da Pampulha está
estritamente ligada com o surgimento de Venda Nova no inicio do século XVIII.
Por mais de duzentos anos, a região abrigou inúmeras fazendas que passariam a
fornecer víveres para a infante capital, construída na ultima década do século
XIX.
O acesso a importante região
agrícola era realizado a partir dos caminhos que se originavam ao longo da
estrada municipal para Venda Nova, integrada ao tecido urbano da região, que se
encontrava em expansão na década de 1940. É importante observar que ainda
existem as ruínas da centenária ponte sobre o ribeirão Pampulha nas
proximidades do Aeroporto, abandonada após a construção de uma nova estrada
quando das obras de represamento do ribeirão e da construção do Campo de
Aviação, descobertas pelo autor a partir de visitas de campo à bacia do
ribeirão Pampulha.
A partir de 1930, com a consolidação
da capital mineira e das politicas urbanas da Era Vargas (recomendo a leitura
do Artigo “A Metrópole no horizonte: o desenvolvimento urbano de Belo Horizontena Era Vargas: 1930/1945” publicado na Revista do Arquivo Público da Cidade de
Belo Horizonte no ano de 2015) a agrícola região passou a ser vista como uma
importante reserva de terras para uma futura expansão urbana, o que aconteceria
ainda nesta década, a partir da construção da represa da Pampulha.
As ruínas da antiga ponte da estrada para Venda Nova, descoberta
e fotografada pelo Autor no ano de 2015.
Foto do Autor
Parte da bacia do ribeirão Pampulha correspondente a região da
represa, em Planta do ano de 1936. Detalhe para um dos inúmeros
loteamentos lançados no período.
Acervo do Autor
O Complexo da Pampulha
A
Represa da Pampulha foi construída na bacia do ribeirão Pampulha, formado pelos
córregos Ressaca e Sarandi, entre outros pequenos afluentes. A represa,
construída na gestão de Octacílio Negrão de Lima em 1938 tinha como objetivo o
abastecimento de água da capital e proporcionar um espaço para a prática de
esportes aquáticos, dentro do desenvolvimento do lazer promovido na era Vargas
para a população dos centros urbanos. Belo Horizonte, desde a sua inauguração
contava com um precário abastecimento de água e a represa figurava como uma
alternativa para o equilíbrio do déficit existente entre o crescimento
populacional e o abastecimento. Após a sua construção houve um descaso nas
décadas seguintes em relação à preservação das nascentes da bacia do ribeirão,
além da ocupação desordenada das cabeceiras do curso d’água e da retirada da
cobertura vegetal das cabeceiras e dos morros adjacentes à represa. Tudo isso
levou a calamitosa situação atual, onde a estação de tratamento de água foi
obrigada a encerrar suas atividades, visto a impossibilidade do tratamento da
água captada da represa.
Obras de construção da barragem da Pampulha no final da década de 1930.
Acervo APCBH
A Pampulha seria um dos alicerces
das políticas de modernização de Belo Horizonte implantada pela gestão JK, na
qual a região se tornaria o marco da projeção da capital de Minas como uma
cidade moderna, alinhada com a nova ordem politica do país, pensada para ser o
símbolo da sociedade moderna da capital. Era a recuperação, parcial, do ideal
modernista onde os políticos mineiros da nascente República se apoiaram para levar
adiante a ideia de uma nova capital para Minas Gerais, onde o modernismo
romperia com o passado colonial, enraizado na cultura do estado.
Em 1941 a represa foi
transformada em área de lazer para a população belorizontina e amplamente
utilizada pela administração JK e pelas administrações futuras para promover a
capital como uma capital moderna e como atrativo turístico de uma cidade de
meia idade. A estratégia de consolidação da região se completaria com a
construção do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, cujo projeto coube a artistas
e arquitetos conhecidos pelos trabalhos de vanguarda realizados na década
anterior. O projeto do conjunto arquitetônico ficou a cargo do arquiteto Oscar
Niemeyer, as pinturas seriam executadas por Cândido Portinari, o conjunto
paisagístico seria executado por Burle Marx e as esculturas por Alfredo
Ceschiatti, entre outros profissionais. Era a concretização do plano politico
de JK, cujos alicerces eram a industrialização, o incremento do comercio e do
consumismo e a consolidação urbana.
A barragem no ano de 1941.
Acervo APCBH
Construção da Casa do Baile no ano de 1941.
Acervo APCBH
Construção do Iate Clube, 1941.
Acervo APCBH
Um dos croquis da Igreja de São Francisco de Assis.
Acervo APCBH
A justificativa dada pelo
prefeito em seu relatório de 1941 para a construção do Complexo era clara,
pois, segundo JK não se poderia frear o desenvolvimento urbano de Belo
Horizonte, sendo necessária a continuidade do crescimento urbano para as
regiões mais afastadas, projetando assim a capital como um dos grandes centros
urbanos brasileiros, na vanguarda do modernismo e do desenvolvimento da urbe:
"A
Pampulha era uma imposição do progresso da capital, traduzido no crescimento
constante da área edificada e na projeção vertical das construções, quando os
arranha-céus vieram substituir casas velhas e sem conforto”. Compreendemos ser
a ocasião propicia para dar a cidade uma serie de atrações que em outros
centros de população densa constituem fator preponderante para o
desenvolvimento do intercambio turístico, uma das mais rendosas indústrias que
podem contar as cidades".
A
partir da construção do Conjunto Arquitetônico a represa da Pampulha passaria a
fornecer água somente para os bairros nobres que surgiram na região. A represa,
construída para regularizar o abastecimento de água de grande parte do
município seria utilizada apenas para abastecer uma classe privilegiada, mesmo
assim por alguns anos. A construção do Complexo incentivaria o crescimento
urbano para a região norte de Belo Horizonte, ao mesmo tempo em que se
empreendeu a construção do Aeroporto da Pampulha e da Cidade Universitária,
criada em 1941. A região passou a ser atendida pela Avenida Antônio Carlos, uma
das principais avenidas radiais construídas no período. As áreas destinadas às
residências nos bairros criados no entorno da represa seriam ocupadas pela
população de maior poder aquisitivo por imposição da Prefeitura e pela
especulação imobiliária que atuaria de forma similar ao que já ocorria na zona
planejada da capital, inflacionando o metro quadrado da região.
A importância dada a Pampulha foi
tamanha que no relatório apresentado ao Conselho Deliberativo em 1942 pelo
Prefeito 32 páginas foram dedicadas para explicar e exaltar o conjunto
arquitetônico e paisagístico da Pampulha. Juscelino Kubitscheck utilizaria as
obras do Conjunto Arquitetônico da Pampulha como um trampolim para se projetar
nacionalmente, como a imagem de um político adepto aos ideais modernistas, em contraposição
aos velhos políticos da República Velha, sucumbidos após a revolução de 1930. A
gestão JK, apesar de conotações populistas e modernizadoras, que promoveu uma
profunda transformação da paisagem urbana belorizontina, assim como as gestões
desde a década de 1920, deu continuidade a política de favorecimento às elites
da capital, onde a Pampulha se tornaria o principal marco desse favorecimento
enrustido pelo populismo. Tal gestão de vanguarda, com claras intenções
futuras, acabou por projetá-lo no cenário nacional como o político ideal para
colocar o Brasil no caminho da modernidade após o fim do Estado Novo,
ressaltando que as políticas urbanas, aplicadas em sua gestão, ainda ecoam pela
capital mineira, materializada no Conjunto Arquitetônico da Pampulha e nas
Avenidas Radiais.
Casa do Baile.
APCBH acervo José Góes
Iate Clube e à esquerda o Cassino, ambos concluídos.
Acervo APCBH
Não será exposto aqui a segunda metade do século XX, tão recente na memória dos citadinos, metropolização etc. um período já trabalho aqui no Curral del Rey e no livro Rios invisíveis da metrópole mineira, mas em todo esse contexto Belo
Horizonte, que sempre buscou uma identidade moderna, idealizada e materializada por
JK no Complexo Arquitetônico da Pampulha a encontrou no singular Complexo. Perdida em meio ao ecletismo em
demolição e ao deconiano tão desprezado, o primeiro lampejo de “modernidade”, a
cidade finalmente se encontrou na aristocrática Pampulha e certamente de lá
sairá toda a importante valorização de nosso conjunto arquitetônico produzido
sob diversos épocas e momentos de uma cidade em eterna construção. Eu, que
pesquiso ininterruptamente há quase uma década sobre a capital mineira, torço
para que o reconhecimento não pare por ai, principalmente a nível local e que o
belo espelho d’água que molda todas as belezas arquitetônicas seja plenamente e verdadeiramente recuperado e não apenas em propagandas que ofendem a inteligência dos belorizontinxs, mesmo após
a conquista de um título tão importante para a bela e moderna urbe mineira, pois a recuperação não se dá em meses ou no prazo de uma administração (04 anos) e sim a partir de um planejamento a longo prazo e outras coisas mais, importantes detalhes que nunca aconteceram por essas bandas.
Uma Pampulha bela, potável, navegável e sociável,
esse é o nosso desejo.
Acervo MHAB
MHAB acervo CCNC
Tenho visto nos últimos tempos nas redes sociais uma grande quantidade de imagens antigas com erros (em alguns casos) de localização e principalmente de datação, o que contribui para a perpetuação de erros históricos que acabam se tornando verdade, fato normal se tratando de rede social e do período em que estamos atravessando, onde uma mentira repetida mil vezes se torna verdade. Naturalmente muitas delas realmente não possuem informações precisas de data e local, no entanto, inúmeros erros vem sendo cometidos em imagens de acervos que se encontram datados e localizados de maneira correta.
A imagem acima, do ano de 1895, uma das primeiras registradas pela CCNC após o período de estudos para a construção da nova capital, apresenta uma Avenida Afonso Pena em inicio de abertura, ou seja, a importante via, o boulevard de Aarão Reis, que fez questão de batiza-la com o nome de seu amigo político, se encontrava no no de 1895 em projeto, ressaltando que nos primeiros anos a avenida foi aberta entre o mercado (atual Estação Rodoviária) e a Avenida Brasil, sendo o restante concluído entre os anos de 1905 e 1929, com a terraplenagem da Praça do Cruzeiro.
Detalhe da Avenida Afonso Pena nos anos de 1898/1899.
Acervo MHAB
A avenida nos primeiros anos da nova capital, em imagem
de Francisco Soucasseaux.
Nesse contexto, é importante a construção de um olhar critico em relação as imagens e informações disseminadas para que erros históricos não se perpetuem, evitando assim a banalização de imagens e paisagens produzidas sob o olhar artístico de fotógrafos e entusiastas da 8ª Arte, ressaltando que a imagem exerce um papel muito mais complexo do que apenas a contemplação, guardando os valores e ideais do seu tempo e das transformações paisagísticas, políticas, econômicas e sociais.
Um dos recantos instalados na Praça 15 de junho, no bairro
Santo André. Acervo APCBH/ASCOM
Ao ler uma notícia na página BH pela Infância, a respeito da obrigatoriedade da instalação de brinquedos para as crianças nas praças de Belo Horizonte, e da tentativa da municipalidade em barrar juridicamente a instalação dos equipamentos, lembrei de uma passagem publicada no livro BH em Pedaços no ano de 2016, quando a administração de Celso Mello de Azevedo (1955/1959) instalou em diversos locais da capital equipamentos destinados ao lazer das crianças, que não se restringia às praças, chegando a ocupar inclusive os largos canteiros centrais das avenidas, cena inimaginável na atualidade, em um momento em que a cidade ainda era pensada para as pessoas, uma realidade que rapidamente se alterou nos anos seguintes.
Abaixo alguns dos exemplos de uma paisagem desaparecida em meio a metropolização de uma cidade que trocou o convívio, o verde e a cordialidade e polidez pelo individualismo veicular e pelo cotidiano cinzento e arrogante de parte de uma sociedade que desconhece o seu passado e o seu futuro.
Avenida Carandaí.
Acervo APCBH/ASCOM
Avenida Brasil.
Acervo APCBH/ASCOM
Avenida Bias Fortes.
Acervo APCBH/ASCOM
Referência: BORSAGLI, Alessandro. Belo Horizonte em pedaços: fragmentos de uma cidade em eterna construção. Belo Horizonte, Clube de Autores, 2016, (214 p.) *p.146.
Fonte: Jornal de Minas, fevereiro de 1974.
Nesse período histórico e ao mesmo tempo preocupante em que estamos atravessando, a pesquisa, apesar dos percalços que vem sofrendo em meio à ignorância generalizada de parte da população que se "politiza" e busca esclarecimentos em postagens de conteúdo duvidoso e carregados de interesses macabros, é de suma importância para que se possa entender períodos da história não vividos e em alguns casos distorcidos.
A imagem acima remete ao ano de 1974, parte de uma matéria publicada pelo Jornal de Minas, a respeito de um atropelamento de um garoto faminto, que buscava o seu alimento no Vazadouro Morro das Pedras, ou "Boca do Lixo", publicada por um dos poucos jornais que em diversas oportunidades furou a blindagem da censura importa pelo período ditatorial 1964-1985 (ou 1989 caso queiram). No ano de 1975 o vazadouro começava a ser abandonado, com a construção do aterro sanitário do Califórnia na BR-040.
Está a venda o livro Horizontes Fluviais, que tem como intuito apresentar para Belo Horizonte, através de imagens antigas e atuais toda a beleza dos rios urbanos, visíveis e ao mesmo tempo invisíveis para uma urbe que se encontra assentada sobre uma imensa caixa d’água. São 146 páginas a cores que trazem imagens e histórias inéditas sobre os cursos d’água, além de um capítulo que buscou retratar, a partir do olhar geográfico toda a beleza do elemento líquido horizontino a partir de inúmeras perspectivas e situações, desde o natural quase virgem até a máxima urbanização e degradação.
Livro: Link para compra
Praça com aspecto de largo: a Praça da Liberdade nos
primeiros dias da nova capital.
Fonte: Sedução do Horizonte (1997).
Uma breve história dos primeiros anos da praça, construída no "Alto da Boa Vista" do arraial do Curral del Rey.
No dia 12 de dezembro de 1897, a inacabada Praça da
Liberdade serviu de palco para as comemorações da histórica data de inauguração da nova capital, inaugurada em obras.
Nos três anos seguintes, a praça figurou na paisagem na urbe administrativa como um largo que separava os edifícios institucionais e poucas
residências pertencentes aos altos funcionários da administração estadual,
corroborando a função hierárquica para a qual a cidade fora projetada. Ainda assim, a
Praça era um roteiro obrigatório para os ilustres visitantes que para cá se
dirigiam, projetando assim a praça e
os seus edifícios como o cartão postal da capital, ornamentação máxima dos
planos políticos da nascente república.
No
ano de 1901, a praça, então desprovida de ornamentos e com uma pequena
arborização foi calçada por paralelepípedos oriundos de Conselheiro Lafaiete[1],
ressaltando que apenas a alameda central da praça se encontrava calçada no
período, visto a conexão direta com o Palácio. A Praça da Liberdade e a Avenida Liberdade
figuravam nesse período como um eixo de conexão entre os edifícios institucionais
da Avenida Afonso Pena e o local máximo da representatividade do poder do
Estado, conectados por uma ampla avenida, que servia ainda de ligação entre a
praça e a Praça da República, de onde se seguia para varias partes da zona urbana planejada. A extensão
verde entre as praças era notória, conectando ainda o Parque Municipal,
ponto de irradiação das massas vergéis de Belo Horizonte.
"O aformoseamento da
cidade tem sido, constantemente, do numero das minhas preocupações; desde o
começo o demostrei, contratando por 15:000$000 com o hábil paisagista Sr.
Antônio Nunes de Almeida o ajardinamento das praças da Liberdade e da Estação,
serviço que será oportunamente aceito pela prefeitura, de acordo com as disposições
do contrato. Para ajardinar a Praça da República fiz desenhar uma planta, de
cuja execução será encarregado o Sr. Antônio Rocha" (Relatório Francisco Bressane, 1093, p.14).
Nos anos seguintes o ajardinamento e demais benfeitorias da Praça da Liberdade se encontravam concluídas, marco do inicio da execução dos planos ornamentais do poder
público, que tornaram a capital mineira referência no país no que diz respeito
à harmonia entre o urbano e o verde.
Praça da Liberdade no ano de 1910.
Fonte: Acervo do Autor.
Praça da Liberdade no ano de 1912.
Fonte: Acervo do Autor.
Inauguração da Rodovia Fernão Dias (BR-381), 1959.
Acervo do Autor
"O asfalto, presente nas políticas municipais desde a década de 1920, tomou uma conotação modernizante na gestão municipal de JK, passando a ser empregado em larga escala pelas administrações seguintes. Na gestão de Mello de Azevedo ele passou a ser vendido não somente como um agente modernista, mas também como um elemento embelezador da paisagem urbana encontrando no automóvel, símbolo do progresso, de status e de distinção social o seu par, tudo muito bem assimilado pelas sociedades urbanas brasileiras. A força de tal argumento se encontra presente até a atualidade em nossa sociedade, na qual o veículo individual movido a combustível ainda é visto como um objeto que propicia conforto, liberdade e abundância, ainda que sua função seja apenas para locomoção e erroneamente atribuída a ele um valor além da sua finalidade de uso." (Borsagli, 2017, p.196).
Bacias hidrográficas do município de Belo Horizonte.
Fonte: Alessandro Borsagli/Sob a sombra do Curral del Rey
No mês do dia mundial da água, a partir das pesquisas realizadas para o livro "Sob a sombra do Curral del Rey Volume 1", foram elaborados três mapas das bacias hidrográficas do município de Belo Horizonte, na qual estão incluídas a sub bacia do córrego dos Borges e Espia, afluentes da margem oeste do rio das Velhas.
Ressalta-se que o primeiro mapa abrange a rede hidrográfica inserida nos limites municipais, e os dois mapas seguintes as bacias dos ribeirões Arrudas e Onça na sua totalidade. Para a utilização dos mapas, deve ser citada a seguinte referência:
BORSAGLI, Alessandro. Sob a sombra do Curral del Rey: contribuições para a história de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Clube de Autores, 2017, 452p.
Bacia hidrográfica do ribeirão Arrudas.
Fonte: Alessandro Borsagli/Sob a sombra do Curral del Rey
Bacia hidrográfica do ribeirão da Onça e sub bacias dos ribeirões da Izidora, Borges e Espia.
Fonte: Alessandro Borsagli/Sob a sombra do Curral del Rey
* Os mapas das bacias dos ribeirões Arrudas e Onça foram atualizados no ano de 2018.
Acervo do Autor
Caraterísticos dos primeiros anos da nova capital de Minas Gerais, os postais procuravam vender uma capital moderna e bela, uma pérola em meio às tortuosas cidades nascidas ao longo dos caminhos das bandeiras e das boiadas.
O geométrico bairro comercial e os seus edifícios ecléticos figuram em quase todos os postais do período, no qual se destaca a imagem acima, feita a partir da Rua Varginha, de ares rurais e integrante de um dos bairros mais populosos do período.
Destaque para a zona planejada e a Rua Rio de Janeiro, interrompida na altura da Rua dos Guaicurus, em um momento em que a Avenida do Contorno se encontrava praticamente em projeto, com pequenos fragmentos ao longo da zona planejada. E as belas montanhas curralenses a moldar o planejado.
Vista parcial da cidade de Belo Horizonte, 1906.
Acervo do Autor/Curral del Rey
Alinhada com as primeiras postagens do blog, que em abril completa oito anos no ar, publico hoje uma imagem do meu acervo pessoal que remete ao ano de 1906, apresentada em um dos inúmeros postais produzidos nos primeiros anos da nova capital de Minas, com o intuito de difundir a moderníssima urbe no estrangeiro, buscando atrair imigrantes para uma capital de cerca de 20.000 habitantes, vazia e moderna, de ares interioranos.
A imagem, feita do Alto da Estação (Rua Sapucaí), mostra em primeiro plano o armazém de cargas da Central do Brasil, atualmente utilizado como estação pela E.F. Vitória-Minas, e à direita alguns dos hotéis construídos a partir da demanda ferroviária, porta de entrada da capital.
À esquerda é possível visualizar o edifício dos Correios, em fase final de construção e a Igreja de São José. Ao fundo parte do bairro comercial e mais adiante o alinhamento montanhoso das vertentes dos córregos do Leitão e a Serra da Contagem.
Uma imagem que remete a uma paisagem atualmente inimaginável, para uma capital nova e rapidamente metamorfoseada em metrópole vertical e impermeável.
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Contato do Autor
- Alessandro Borsagli
- Professor e pesquisador, graduado em Geografia (PUC-MG) e História (UNIFRAN) e Mestre em Geografia pelo PPGG-TIE da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (Do convívio à ruptura: a cartografia na análise histórico-fluvial de Belo Horizonte - 1894/1977). Pesquisador atuante na área de Geografia Urbana, Geografia Histórica, Memória Urbana, Hidrogeografia e Estudos da Paisagem, com foco no Estado de Minas Gerais. Autor do site Curral del Rey, destinado ao resgate da memória urbana e a análise sobre o processo de evolução urbana de Belo Horizonte e das mudanças ocorridas na paisagem urbana da capital mineira, dos livros Rios invisíveis da metrópole mineira, Horizontes Fluviais, Rios urbanos de Belo Horizonte e de diversos livros sobre a cidade de Belo Horizonte. Email:borsagli@gmail.com