Obras de abertura do túnel da Lagoinha no ano de 1968.
Fonte: APCBH/ASCOM
Muitos dos que passam diariamente pelo túnel da
Lagoinha não imaginam que a boca do túnel correspondente ao bairro abrigava
nas primeiras décadas da capital uma extensa horta, compreendida nos terrenos
da chácara do Tortolla, de propriedade do Sr. Ângelo. A sua produção destinava-se
ao abastecimento dos bairros da Lagoinha e Bonfim, entre outros bairros e o próprio
bairro comercial, então ocupado por dezenas de casas residenciais, demolidas a
partir de 1930.
A abertura do túnel figurava como
uma das principais obras da segunda gestão de Octacílio Negrão de Lima (1947-1951)
e proporcionaria mais uma opção viária para a região do Matadouro e o norte do município.
Porém, com o término da gestão em 1951 as obras de abertura foram abandonadas
por vinte anos, até a gestão de Sousa Lima que optou por concluir a obra,
para dar vazão ao caótico transito da metrópole mineira, ao mesmo tempo em que
se iniciava a abertura da Avenida Cristiano Machado a partir da canalização de
um dos braços do córrego da Mata.
Inaugurado na segunda gestão de
Oswaldo Pieruccetti o túnel comportava o trafego dos dois sentidos da via,
sendo necessária a abertura de mais um túnel na década seguinte, ao mesmo tempo
em que era demolida uma parte considerável do bairro da Lagoinha para a
construção do questionável complexo viário.
A obra vista desde a boca do túnel. Ao fundo o prédio do Café Brasil na Lagoinha, já demolido.
Fonte: APCBH/ASCOM
Inauguração do túnel na gestão Pieruccetti.
Fonte: APCBH/ASCOM
Daí pode-se concluir que a região desde sempre
figura como um verdadeiro canteiro de obras, onde a construção, ampliação e
demolição são ininterruptas, segregadoras e na grande maioria das vezes desnecessárias.
E mais uma vez a destruição está no horizonte da região, com a famigerada Operação Urbana Consorciada (OUC) Antônio Carlos/Pedro I, cujos debates calorosos, muitas vezes unilaterais e mal educados tenho tido a
oportunidade de acompanhar. O resultado dessa grande lavagem cerebral
infelizmente eu já sei e torço para que a população compreenda o que está por
vir e as intenções de quem supostamente os representa, naturalmente embebidos de um plano político que coloca mais uma vez o bairro a mercê da destruição.
E pensar que tudo começou com um túnel há quase setenta anos...
E pensar que tudo começou com um túnel há quase setenta anos...
Os túneis e parte do famigerado complexo na década de 1980.
Fonte: Acervo EM
Um dos mapas da OUC, recomendo baixar os arquivos e ler com atenção a proposta. Disponível no link OUC PBH
* Tem algumas histórias interessantes sobre a região, no que diz respeito ao saneamento e ao desenvolvimento urbano que estará no livro Rios Invisíveis da Metrópole Mineira, cujo link para compra estará disponível nos próximos dias.
** Sobre a Lagoinha, recomendo a leitura do artigo "A metamorfose de uma paisagem: a construção, o apogeu e o processo de descaracterização do bairro Lagoinha" de autoria da arquiteta e urbanista Brenda Melo Bernardes e de minha autoria, publicado na Revista do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte no ano de 2013.
** Sobre a Lagoinha, recomendo a leitura do artigo "A metamorfose de uma paisagem: a construção, o apogeu e o processo de descaracterização do bairro Lagoinha" de autoria da arquiteta e urbanista Brenda Melo Bernardes e de minha autoria, publicado na Revista do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte no ano de 2013.