Fonte: Acervo EM - Hemeroteca Histórica

Entra ano, sai ano e as tragédias continuam a ocorrer, potencializadas por uma sucessão de erros seculares que contribuem significativamente para o triste espetáculo dos transbordamentos em meio urbano, ocasionados por um fenômeno que precisa ser respeitado e compreendido, e que nunca será controlado.

“As intervenções na rede hidrográfica de Belo Horizonte acarretaram na piora dos transbordamentos dos fundos de vale a partir de 1930, sendo que apenas o período compreendido entre 1965 e 1977 apresenta uma sensível melhora nos transbordamentos dos afluentes do ribeirão Arrudas, que apresentou ao longo do processo de evolução urbana um aumento gradativo dos transbordamentos, ressaltando que as grandes obras de intervenção fluvial se iniciaram na bacia do ribeirão da Onça apenas no ano de 1974. Ademais, observa-se que os transbordamentos nas bacias do Arrudas e Onça ocorrem de maneira regular desde o final da década de 1970, fenômeno agravado pela realização de obras mal planejadas e mal executadas.

Ressalta-se que o alto grau de impermeabilização das sub bacias e a massa hidráulica drenada para o canal do Arrudas podem ser considerados fatores determinantes no seu transbordamento regular, onde as perdas materiais e humanas ocorrem de maneira frequente há cerca de nove décadas. Nesse sentido, pode-se concluir que o problema dos transbordamentos se deve pela insistência do ser humano em habitar áreas que não deveriam ser habitadas e modificadas, como as planícies de inundação.

No entanto, as sociedades buscam desde a antiguidade intervir nos fenômenos da natureza, na esperança de que um dia alguns dos fenômenos possam ser controlados, ainda que a busca contribua para a alteração dos fenômenos, no qual Brito (1944) observa que o problema das inundações é, portanto, um problema estabelecido pelos caprichos da atividade do homem, onde a impossibilidade de se resolver o problema deve ser aceito para que se evite trabalhos desnecessários, o desperdício de vultosas quantias e desilusões."
Fonte: @borsagli (2019)

Imagem: Estado de Minas (1962) publicada no artigo Do protagonismo à invisibilidade: Geografia Histórica do córrego do Acaba Mundo e a sua relação com o sítio de Belo Horizonte-MG (1716/1973) que pode ser acessado neste Link


Rios Invisíveis da Metrópole Mineira

gif maker Córrego do Acaba Mundo 1928/APM - By Belisa Murta/Micrópolis