Fusca arrastado pelas águas da grande enchente de 1979 na Rua José Viola. Ao fundo parte da canalização do ribeirão Arrudas interrompida na década de 1940.
Fonte: Estado de Minas/ouviaduto
Muitos ainda se lembram da grande
enchente de 1979, considerada a mais grave enchente ocorrida no estado de Minas
Gerais. Em Belo Horizonte a enchente causou as já corriqueiras tragédias à
montante e a jusante do sobrecarregado ribeirão Arrudas, condenado pelos
administradores municipais e estaduais a carrear para fora da metrópole mineira
toda a água e imundice coletadas em sua bacia.
A imagem acima mostra as consequências
da enchente, agravada pelos sucessivos erros das administrações e seus técnicos
ao empreender a ininterrupta canalização e retificação dos rios urbanos desde a
década de 1920, empregada como técnica uma para a solução das mazelas trazidas
pelas águas.
O registro, cedido pelo jornalista João
Perdigão, autor do excelente site ouviadudo foi feita a partir da ponte da Rua
José Viola, desaparecida da paisagem quando da construção do Boulevard Arrudas
na Avenida Tereza Cristina, ressaltando que a ponte da imagem foi demolida
ainda na década de 1980, quando da abertura da dita avenida. A grande enchente traria notáveis repercussões e apressaria o alargamento e rebaixamento do canal do Arrudas, iniciadas no ano de 1981 e paralisadas poucos meses mais tarde, mas ai já é outra história que contarei no livro "Rios Invisíveis da Metrópole Mineira", que sairá nos próximos meses.
Recomendo conhecer o trabalho do
jornalista e co-autor do livro "O Rei da Roleta: a incrível vida de Joaquim
Rolla", cujo link se encontra no paragrafo anterior e na nota , onde
conta interessantes historias sobre o Viaduto de Santa Tereza* e imagens desde a
sua construção até os dias atuais, assim como a apropriação e a ressignificação
do espaço e do entorno, infelizmente (e obviamente) mal compreendido pelo poder
público.
Obras de canalização do ribeirão Arrudas em 1981.
Fonte: Acervo SUDECAP
* Nos próximos meses sairá o livro "Viaduto Santa Tereza", de autoria do jornalista João Perdigão. Recomendo não só o Ouviaduto, mas também o site Cassinos em Tropa, os dois de sua autoria.