Parte da matéria do jornal Diário de Minas em fevereiro de 1965, uma cidade à beira do caos segundo os periódicos.
Fonte: Diário de Minas
Há exatos cinquenta anos, Belo Horizonte enfrentava a realidade das aglomerações urbanas brasileiras, além das consequências dos erros das sucessivas administrações. Semelhanças a parte, a falta d'água havia se tornado crônica, onde os motoristas responsáveis pelo abastecimento das vilas mais distantes da zona planejada vendiam a água que era para ser distribuída para a sedenta população. Os esgotos transbordavam periodicamente na zona planejada e adjacências, emporcalhando as vias e as calçadas. Buracos, como o da imagem acima, se espalhavam pela cidade, na mesma proporção em que ela crescia para todos os lados desde a década de 1950, sem a infraestrutura necessária para tal.
Nessa nova ordem, com o advento dos militares no ano de 1964 o prefeito Jorge Carone, aliado de João Goulart e rival político do então governador Magalhães Pinto, um dos mentores do golpe, estava com os seus dias contados na prefeitura, onde havia feito inúmeros inimigos, desde os banqueiros até os concessionários de ônibus, que não concordavam com as imposições feitas, diga-se de passagem, a favor da população, em detrimento aos seus interesses.
Aliado a isso vinha a questão dos Fícus da Avenida Afonso Pena, derrubados arbitrariamente na madrugada do dia 20 de novembro de 1963 a mando do prefeito, que via na derrubada das árvores, não só da Afonso Pena mas também das vias adjacentes, a solução para o caos viário que se instalara na região central.
Naturalmente, sem apoio político e da sociedade, no final de janeiro de 1965 o prefeito foi cassado, assim como o seu vice, assumindo a administração municipal Oswaldo Pieruccetti, um preposto da ditadura que logo nos seus primeiros dias tratou de iniciar diversas frentes de obras com o intuito de se resolver o caos urbano.
Na verdade, o caos já se instalara na capital desde a década anterior e a troca de prefeito não resolveria o problema. O abastecimento de água continuaria precário até o ano de 1973, os rios urbanos canalizados desde a década de 1920 foram sendo gradativamente encaixotados à partir dessa década, com o intuito de liberar as vias para o automóvel e para o pseudoembelezamento urbano, além da utópica solução dos transbordamentos, que assolavam a capital desde a sua inauguração. Mas a propaganda é a alma do negócio.
Enfim, os recortes publicados aqui remetem ao momento em que Carone era deposto, sob aplausos de uma parcela da população e dos periódicos que louvaram a nova administração, através de diversas matérias pagas. Parte de um período recente da nossa história, onde o asfalto e o concreto passaria a ser vistos como sinônimo de progresso, absorvido e repetido pelas administrações sucedentes e pela sociedade belorizontina, resistentes às mudanças que atualmente se verificam na capital, em particular a que diz respeito a mobilidade.
Nessa nova ordem, com o advento dos militares no ano de 1964 o prefeito Jorge Carone, aliado de João Goulart e rival político do então governador Magalhães Pinto, um dos mentores do golpe, estava com os seus dias contados na prefeitura, onde havia feito inúmeros inimigos, desde os banqueiros até os concessionários de ônibus, que não concordavam com as imposições feitas, diga-se de passagem, a favor da população, em detrimento aos seus interesses.
Aliado a isso vinha a questão dos Fícus da Avenida Afonso Pena, derrubados arbitrariamente na madrugada do dia 20 de novembro de 1963 a mando do prefeito, que via na derrubada das árvores, não só da Afonso Pena mas também das vias adjacentes, a solução para o caos viário que se instalara na região central.
Naturalmente, sem apoio político e da sociedade, no final de janeiro de 1965 o prefeito foi cassado, assim como o seu vice, assumindo a administração municipal Oswaldo Pieruccetti, um preposto da ditadura que logo nos seus primeiros dias tratou de iniciar diversas frentes de obras com o intuito de se resolver o caos urbano.
Na verdade, o caos já se instalara na capital desde a década anterior e a troca de prefeito não resolveria o problema. O abastecimento de água continuaria precário até o ano de 1973, os rios urbanos canalizados desde a década de 1920 foram sendo gradativamente encaixotados à partir dessa década, com o intuito de liberar as vias para o automóvel e para o pseudoembelezamento urbano, além da utópica solução dos transbordamentos, que assolavam a capital desde a sua inauguração. Mas a propaganda é a alma do negócio.
Enfim, os recortes publicados aqui remetem ao momento em que Carone era deposto, sob aplausos de uma parcela da população e dos periódicos que louvaram a nova administração, através de diversas matérias pagas. Parte de um período recente da nossa história, onde o asfalto e o concreto passaria a ser vistos como sinônimo de progresso, absorvido e repetido pelas administrações sucedentes e pela sociedade belorizontina, resistentes às mudanças que atualmente se verificam na capital, em particular a que diz respeito a mobilidade.
Parte da matéria publicada em fevereiro de 1965.
Fonte: Diário de Minas
A mesma reportagem louvando o novo prefeito.
Fonte: Diário de Minas
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