Trabalhos de tubulação do Ribeirão Arrudas em 1895 nas imediações da Praça da Estação onde se vê as duas primeiras bicicletas que chegaram ao arraial de Belo Horizonte.
15 de Abril é o Dia do Ciclista. A bicicleta, como se vê na imagem acima sempre esteve presente no cotidiano do belorizontino desde a construção da capital. Ela figurava nos primeiros anos da nova capital como uma alternativa para o deslocamento da população, pois o transporte público ainda engatinhava e as áreas atendidas pelos Bondes se restringiam a área central e o bairro Funcionários.
Com a popularização do automóvel individual ao longo dos anos e a incrementação do transporte coletivo, ainda que deficitário devido ao rápido crescimento urbano a bicicleta foi sendo deixada de lado, sendo utilizada apenas em pequenos deslocamentos ou no dia a dia por uma pequena parcela da população, geralmente a de baixa renda. A necessidade do rápido deslocamento da população também contribuiu para a diminuição do uso da bicicleta como meio de transporte diário. Ao longo das décadas a cidade cresceu, inflou, a área central de Belo Horizonte passou a não comportar mais o numero cada vez maior de veículos.
O adensamento populacional, antes restrito na área central se espalhou pelos bairros adjacentes e em conseqüência o pedestre e o ciclista foram perdendo cada vez mais espaço para os automóveis. A bicicleta, para muitos iria servir apenas para lazer e para as crianças se divertirem tal a falta de incentivo e espaço para o seu uso e circulação.
A popularização das bicicletas com um maior numero de marchas (Mountain Bikes) a partir dos anos 90, paralelamente as discussões sobre o meio ambiente e a qualidade de vida nos grandes centros urbanos retomou-se o conceito do uso da bicicleta como uma alternativa para a diminuição do uso dos automóveis, visando desafogar o transito e contribuindo para a melhoria da qualidade do ar entre outras coisas.
A bicicleta é uma ótima alternativa para o caótico transito de Belo Horizonte. Tanto ela quanto o transporte coletivo deveria receber uma maior atenção do Poder Público, pois o rodízio de veículos e o incentivo no uso da bicicleta são as melhores soluções para a diminuição do transito na capital. A construção de mais ciclovias para difundir o uso da bicicleta se faz necessária para incentivar a população a usar tal meio de transporte. Atualmente, competir com os veículos motorizados é uma tarefa apenas para os corajosos amantes da bicicleta e para quem já a adotou como o principal meio de transporte.
Belo Horizonte tem atualmente 22 km de ciclovias localizadas nas avenidas Tereza Cristina, Andradas, Saramenha, Deputado Álvaro Camargo, Vilarinho e na Orla da Lagoa da Pampulha, ou seja, são ciclovias fragmentadas utilizadas na sua maioria por pedestres ou para lazer. O Poder Público, ao que parece já se conscientizou da necessidade do incentivo da bicicleta como meio de transporte alternativo como se lê na citação abaixo, em conformidade com uma boa parcela da população mundial que já utiliza a bicicleta como alternativa.
“A BHTRANS reconhece os benefícios do uso da bicicleta como meio de transporte para a cidade e para os cidadãos. Além de desafogar o trânsito, a bicicleta não polui, promove a melhoria da saúde de quem pedala, é um veículo de baixo custo de aquisição e de manutenção, é silencioso e flexível em seus deslocamentos”.
O projeto Pedala BH, lançado no inicio de 2011 tem como objetivo promover ou resgatar o uso da bicicleta na capital, criando facilidades para quem optar por esse meio de transporte. Está planejada a construção de cerca de 365 km de ciclovias espalhadas por toda Belo Horizonte interligadas com as Estações de Metrô, facilitando assim o deslocamento em curta distancia para quem optar também pelo uso dos trens urbanos. Atualmente as ciclovias das Avenidas Américo Vespúcio e Risoleta Neves e da Rua Professor Morais e Bernardo Monteiro estão em fase de implantação. O novo Plano Diretor de Belo Horizonte também orienta para a construção de ciclovias no vale do ribeirão Arrudas. Segundo o Projeto as ciclovias irão ocupar inicialmente a calha dos córregos (fundos de vale) que cortam a capital, hoje canalizados.
Projeto da Rota Cicloviária Leste.
Fonte: PBH/BH TRANS
Projeto da Roda Cicloviária Noroeste.
Fonte: PBH/BH TRANS
Projeto da Rota Cicloviária Américo Vespúcio.
Fonte: PBH/BH TRANS
A necessidade de conscientização da população para o uso de um transporte alternativo se faz necessária, pois a maioria dos motoristas vêem o ciclista como um empecilho em meio ao caótico transito belorizontino. Observa-se que a maioria acredita que as vias foram feitas para automóveis, desconhecendo os reais motivos que levaram a Comissão Construtora a conceber a Planta da capital nos moldes que conhecemos. Além disso, a cidade não foi projetada para automóveis, recém inventado naquele momento, ela foi projetada visando à qualidade de vida da população e a salubridade, entre outras finalidades na qual não se tem necessidade de expor aqui nesse momento.
Atualmente o ciclista é visto pela maioria dos motoristas como “persona non grata” no trânsito da capital, um obstáculo no fluxo viário. Por isso é que vemos tanto desrespeito ao ciclista diariamente, que são obrigados a se defenderem como podem das “feras de aço”.
Finalizando: “mataram” o transporte coletivo (leia-se ferrovias ou tudo que se movimenta sobre trilhos) para viverem engarrafados dentro de si no cotidiano viário. Ainda há tempo de reverter esse quadro, falta apenas iniciativa e boa vontade para investir e afastar todo e qualquer tipo de interesse individual que persiste em atrasar o desenvolvimento urbano. E tomara que toda a malha cicloviária realmente saia do papel.
Projeto da Ciclovia Savassi (Rua Professor Morais e Avenida Bernardo Monteiro).
Fonte: PBH/BH TRANS
Implantação da Ciclovia na Rua Professor Morais em Abril de 2011.
Fonte: Foto do Autor.
Implantação da mesma Ciclovia.
Fonte: Foto do Autor.
Folder explicativo da BH Trans sobre o espaço destinado aos veiculos e pedestres na Rota Cicloviária Leste.
Fonte: PBH/BH TRANS
As ciclovias que estão planejando me deixam um receio: de aumentar o sentimento segregacionista de muitos motoristas que acham que ruas não são lugar de bicicleta, além de que o traçado da ciclovia "noroeste" ligando apenas ao metro e bh-bus parece querer evitar que o ciclista vá adiante sentido centro da capital.
ResponderExcluirE espero que meu pensamento esteja errado.
Também espero. Mas aos poucos os motoristas peceberão que é preciso respeitar as bicicletas. E os pedestres.
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