“A proporção que passa o tempo, mais se compreende que a implantação de Belo Horizonte no centro econômico geográfico do Estado obedeceu a uma sábia orientação; centro da atividade oficial, destina-se a polarizar toda a existência social e econômica de Minas, dando-lhe um sentido unitário e reagindo sobre a vida das diversas regiões na forma de constantes e de poderosos estímulos. E assim que a cidade, durante tantos anos necessariamente voltada à vida oficial, se está tornando uma cidade exemplar, em relação a todo o Estado, agitando-se de forças próprias pelo rápido incremento das atividades comerciais e industriais(...)” Parte do relatório do prefeito Octacílio Negrão de Lima de 1935.


Vista noturna da Praça da Estação e Praça Rui Barbosa em 1935. A Praça Rui Barbosa foi um dos embelezamentos patrocinados pelo Governo do Estado, em suas intervenções na capital.
Fonte: APM

Viva o concreto armado: a verticalização da área central

O crescimento desordenado de Belo Horizonte que teve inicio na segunda metade da década de 1920 gerou a primeira crise urbana verificada na capital no inicio da década de 1930. Como já dito em artigos anteriores (ver os anos 1910) o crescimento urbano de Belo Horizonte se deu a partir da zona suburbana, ou seja, em toda a zona limítrofe com a Avenida do Contorno as leis que regulamentavam a delimitação dos lotes para a construção eram bem mais brandas do que os critérios definidos para as construções na zona urbana. Mas a partir de 1925 as subdivisões de grandes terrenos foram dando origem as Vilas, principais responsáveis pela expansão do tecido urbano de Belo Horizonte nas direções norte e oeste, principais vetores de expansão urbana ate os dias atuais. A população na virada da década havia atingido a marca de 115.000 habitantes, a maioria espalhada na zona suburbana e nas vilas.


Mancha urbana de Belo Horizonte nos anos 30
Fonte: Urbel

Como se vê na imagem acima a zona urbana da capital se apresentava, no inicio dos anos 30 rodeada pelas vilas surgidas dos loteamentos das antigas propriedades. A malha urbana nessa década se caracterizava pela sua expansão nas direções leste e noroeste, em direção a Gameleira e a Pampulha. A cidade ocupava então uma área de cerca de trinta milhões de metros quadrados a mais do que foi prevista pela Comissão Construtora em 1895. Alguns bairros ainda conservam o nome das vilas. Podemos citar como exemplo os bairros Anchieta, Jardim América, Nova Granada e Nova Suiça que ainda conservam suas primitivas denominações.
As vilas foram à causa da expansão da malha urbana da capital. Para diminuir o excessivo numero de aprovações, que gerou uma grande acumulação de capital a prefeitura criou tardiamente em 1935 normas para as subdivisões dos terrenos, obrigando os proprietários a arcarem com toda a infra-estrutura necessária para o assentamento das vilas (água, luz, esgotos, calçamento etc:).


Essa acumulação de capital foi um dos fatores que permitiram os investimentos de particulares na área central de Belo Horizonte, desencadeando a partir dos anos 1930 o processo de verticalização.

Em Outubro de 1922 a Prefeitura lançou o regulamento de construções na capital que permitiu o aumento da densidade da área central, incentivando a sua verticalização. O concreto armado que já era empregado desde os anos 20 nas construções de pontes, reservatórios e de alguns edifícios, grande parte deles localizados na Rua dos Caetés teve de fato regulamentado o seu uso em 1933 com o Decreto Nº. 165. Nesse mesmo decreto a capital sofreu alterações em relação ao seu zoneamento.
Anterior ao decreto foi inaugurado em 1932 o Cinema Brasil decretando o fim da “era do tijolo” e dando inicio a “era do concreto armado” em Belo Horizonte. O prédio do Cine Brasil lançou um estilo arquitetônico amplamente adotado na capital nos anos 30 e 40: o estilo Art Déco, que traz como características marcantes a base retangular e os frisos horizontais em baixo relevo, como podemos observar nas imagens abaixo.
A regulamentação do uso do concreto armado mostrou as suas conseqüências pouco tempo depois da publicação do Decreto. Em 1935 era inaugurado o edifício Ibaté, o primeiro “arranha céu” de Belo Horizonte construído na Rua São Paulo esquina com a Avenida Afonso Pena. O edifício de 10 andares, cujo projeto pertence ao arquiteto Ângelo Murgel foi concebido em linhas retas e com grandes janelas além de um mirante colocado acima do último andar como se vê nas fotos abaixo.


Edifício Ibaté, o primeiro construido na capital.
Fonte: Acervo MHAB


Edifício Ibaté visto da Avenida Afonso Pena nos anos 30.
Fonte: APM


Prédio do Cinema Brasil na Praça Sete.
Fonte: Acervo MHAB

A sua construção marcou o inicio da substituição das construções de finalidade residencial na área central, a maioria de no máximo três andares e muitas delas datadas da construção da capital. Devemos lembrar que muitas destas construções pertenciam aos antigos moradores de Ouro Preto e muitas das demolições coincidem com a mudança desses moradores para áreas mais afastadas do centro ou mesmo com a morte deles. A verticalização permitiu o maior adensamento da área central e abriu caminho para a verticalização exagerada das décadas seguintes. Além do Ibaté e do Cine Brasil, outros edifícios (todos destinados ao uso comercial) construídos no mesmo período selaram definitivamente a mudança espacial da capital, adensando a área central e abrindo caminho para o modernismo, graças ao concreto armado. Entre eles se destacam:

- Feira de Amostras, construído em 1935 e demolido no inicio da década de 60.
- Edifício Chagas Dória, construído em 1934.
- Edifício da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte em 1935.
- Edifício dos Correios e Telégrafos, construído em 1936.
- Edifício Capichaba, construído em 1939.


Edifício Capichaba construído na Rua Rio de Janeiro, nas proximidades da Praça Sete.
Fonte: Acervo MHAB


Edifício Chagas Dória, na esquina da Rua Sapucaí e Assis Chateaubriand.
Foto: Rodrigo Eyer Cabral

Montagem feita com imagens de alguns edifícios construídos nos anos 30.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1936.

Voltemos ao caso do crescimento urbano. Foi criada em 1934 uma Comissão de engenheiros e arquitetos visando à criação de um plano regulador para o crescimento urbano da capital. Era de extrema importância o trabalho dessa comissão, pois com a verticalização da área central as casas e os sobrados, na sua maioria residenciais eram demolidos para dar lugar aos arranha céus, na totalidade comerciais obrigando então os antigos donos das casas a adquirirem lotes ou casas em locais mais afastados do centro pois a legislação para a zona urbana, no que diz respeito as construções eram rígidas se compararmos com a legislação para as áreas fora dos limites da Contorno, além da especulação que existia sobre os lotes que ainda existiam na área urbana, que não eram poucos. Grande parte dos loteamentos que foram criados eram irregulares e diversas áreas eram demarcadas a revelia da Prefeitura. Além disso, havia o problema da relocação dos operários, que eram então “empurrados” para áreas mais afastadas do centro e a migração originaria do interior, em busca de melhores condições de vida. Na verdade a Comissão teve pequena influência no ordenamento urbano e a malha urbana capital continuou a se expandir ano após ano.
Foi nessa década que Belo Horizonte deixou de ser uma cidade que exercia praticamente só a função administrativa, para se consolidar também como um pólo comercial e industrial, principalmente após 1935.

Em 1936 criou-se uma zona industrial ao longo das linhas férreas e do ribeirão Arrudas, além da área existente no Barro Preto. Diversos edifícios datados desta época ainda existem no vale do Arrudas e no Barro Preto, porém com sua função alterada ou em ruínas. O prédio da antiga fabrica da Companhia Souza Cruz é um exemplo desta requalificação que se observa, atualmente com função institucional.


Prédio da antiga Companhia Souza Cruz alguns anos após a sua construção.
Fonte: BH Nostalgia


Fábrica da Renascença no ano da sua inauguração.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1937.

Instalou-se em 1936 na Vila Renascença a Companhia Industrial Renascença na dita vila com a finalidade de fabricar tecidos finos. Foi criada uma vila para os operários da fabrica, o que obrigou a municipalidade a estender as linhas de Bonde até a dita vila. Nas suas proximidades se instalou a Cidade Ozanan, da Sociedade São Vicente de Paulo destinada a ser uma colônia de mendigos.

Uma das prioridades dessa década foi à relocação e conclusão da Avenida do Contorno. A sua conclusão era reclamada há muitos anos, principalmente pelos moradores dos bairros Santa Efigênia e Santa Teresa. Ela estava também por concluir na região próxima do Vale do Leitão, entre a Rua Joaquim Murtinho e em grande parte da região limítrofe com o Barro Preto e Barroca. Após a relocação da avenida entre as ruas Joaquim Murtinho e André Cavalcanti ela foi concluída, permitindo a expansão de uma área importante da capital, posteriormente ocupada na gestão JK pela população de maior poder aquisitivo. Data desse período o inicio da remoção das favelas da barroca (região atualmente ocupada pela Praça Carlos Chagas – Assembléia), e as ultimas cafuas nas áreas dos bairros Santo Agostinho e Cidade Jardim.


Praça Duque de Caxias inaugurada em 1937.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1937.


Abertura da Rua Pernambuco, atual Alameda Ezequiel Dias. O prolongamento dessa via diminuiu consideravelmente a área do Parque Municipal.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1936.


Calçamento e construção de um novo abrigo de Bondes no cruzamento das Avenidas Getúlio Vargas e Cristovão Colombo (Praça Diogo de Vasconcelos).
Fonte: APM

Ainda na gestão do prefeito Octacílio Negrão de Lima foi construída a barragem no Rio Pampulha, visando o abastecimento de água da capital. Inicialmente havia-se cogitado represar as águas do Arrudas porém seria extremamente dispendioso o serviço além de prejudicar a linha férrea que seguia o seu curso². Optou-se então pelo represamento do Rio Pampulha, menos dispendiosa e feita por uma barragem de terra. Para facilitar o acesso a Represa foi calçada a estrada que levava a ela, hoje Avenida Isabel Bueno. Ao longo da represa foi aberta uma avenida e as águas represadas permitiram a realização de diversos esportes aquáticos. Era o inicio da construção do que viria a ser, anos mais tarde o berço do Modernismo de Oscar Niemeyer.
A falta de lugares destinados à recreação era notória em Belo Horizonte. Com exceção do Parque Municipal praticamente inexistiam áreas destinadas à recreação e ao pleno convívio social. Diante disso a Prefeitura resolveu criar no local destinado a ser o Zoológico da nova capital um parque, o Parque Santo Antônio. A parte superior que no projeto original fazia parte do Zoológico foi regularizada, tornando-se um quarteirão edificável – o quarteirão compreendido entre as ruas da Bahia, Fernandes Tourinho, Espírito Santo e Antonio de Albuquerque. O restante do terreno, que era atravessado pelo córrego do Mendonça era insalubre e apresentava uma declividade que impossibilitou a ocupação inicial, ficando como área de reserva para expansões futuras. Após a criação do Parque, destinado inicialmente a população dos bairros adjacentes, abrigando inclusive uma piscina, resolveu-se então arrenda-lo para um grupo de pessoas interessadas em consolidar ali a sede de seu clube recém fundado. No Parque originou-se o Minas Tênis Clube, que “arrendou” o terreno após “concorrência publica” para a formação de seu clube³, no ano de 1936.


Antiga estrada da Pampulha recém calçada.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1936.


Construção do Parque Santo Antônio na Rua da Bahia. Ao fundo a antiga Rua dos Emboabas (Antônio Aleixo).
Fonte: APM

Data dessa década o inicio da abertura das vias nos fundos de vales, as Avenidas Sanitárias. Entre outras foram abertas a Avenida Silviano Brandão sobre o Córrego da Mata entre a Rua Conselheiro Lafaiete e o ribeirão Arrudas, a Avenida Francisco Sá, antiga Almirante Jaceguai sobre o Córrego dos Pintos e a Avenida Pedro II foi aberta ao longo do Córrego do Pastinho.

A Avenida Pedro II foi aberta inicialmente entre a Rua do Ramal (Nossa Senhora de Fátima) e a Rua Manhumirim, tendo sido executado o serviço em três etapas, a saber: a canalização entre a Rua do Ramal e Mariana, posteriormente estendida até a Rua Jaguari e por ultimo até a Rua Manhumirim.
O bairro Floresta havia superado o bairro dos Funcionários em número de habitantes e se tornou o bairro mais populoso da capital na década de 30. A Avenida do Contorno que divide o bairro ao meio nas proximidades da casa do Conde de Santa Marinha era a mais importante ligação do bairro com a área central e que empreendia grande comercio entre essa área e o bairro, principalmente na Rua dos Caetés e do Comércio. Em vista da necessidade de uma maior articulação entre essas duas importantes zonas da cidade resolve-se construir um Viaduto sobre as linhas férreas, no intuito de melhorar o fluxo viário na região além de evitar os acidentes que aconteciam com freqüência, principalmente com os Bondes ao passar sobre as linhas férreas. O Viaduto da Floresta foi concluído em 1936 melhorando significativamente a comunicação entre esse bairro e a área central, além de beneficiar outros bairros da região, como o de Santa Teresa e o embrionário bairro da Sagrada Família.



Canalização do Córrego do Pastinho e Avenida Pedro II.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1937.


Canalização do mesmo Córrego.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1937.


Avenida do Contorno antes da construção do Viaduto Floresta com o cruzamento das linhas férrea e do Bonde que atendia o bairro Floresta.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1937.


O Viaduto logo após a sua inauguração.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1937.

Foi relocado em 1937 o rancho de tropas ao lado do Mercado Central, na Rua Curitiba. Nessa época ainda era intenso o transito de tropas trazendo produtos para serem comercializados na capital. É digno de nota a persistência desse serviço, já obsoleto em grande parte do Estado devido a abertura de ferrovias e estradas de rodagem que facilitaram e encurtaram as distancias entre os produtores e o mercado consumidor e que modificaram todo o tempo-espaço entre os núcleos urbanos.
A população da capital cresceu entre 1930 e 1940 um pouco mais de 80%, atingindo a marca de 214.000 habitantes. Belo horizonte perdia a estigma de ser apenas destinada as funções políticas e administrativas, estava na verdade se tornando um pólo econômico que influenciaria nas décadas seguintes várias regiões do estado.
Nessa década à ocupação da cidade deu-se pelos vetores norte e oeste, vetores que se tornaram o eixo de expansão nas décadas seguintes. O Governo procurou exercer a partir de 1934 um maior controle sobre a expansão urbana procurando assim evitar a desordenada expansão que perdurou durante toda a década (e nas décadas seguintes). Devemos lembrar que essa tentativa de controle era uma das características do Governo Vargas, irradiada para o resto do país. Porém isso não impediu o que viria a ser a década de 40, a década do modernismo, da cidade industrial e do boom da verticalização.


Vista aérea da Praça da Liberdade a ao fundo o terreno onde se construiu o Parque Santo Antônio.
Fonte: BH Nostalgia

O transporte público: um entrave no desenvolvimento da capital

    O transporte público nunca acompanhou de fato o desenvolvimento de Belo Horizonte. Junto com os serviços de calçamento, água, esgotos e eletricidade ele era essencial para o deslocamento da população para a área central da capital, seja para trabalho, seja para lazer ou aquisição de produtos.
    Como já abordado em artigos anteriores os serviços de Bondes haviam sido arrendados pela “Sampaio Correa & Comp”, juntamente com os serviços de energia elétrica no ano de 1912. Entre essa data e o inicio dos anos 20 a Companhia se limitou apenas a duplicar algumas linhas de maior movimento e a estender outras em pequenos trechos. Além do número de passageiros não ter crescido consideravelmente nesse período, devido a falta de infra-estrutura para atender a demanda populacional que crescia cada vez mais havia outro problema que se agravava a cada ano: a falta de investimentos na geração de energia. A energia que abastecia a cidade vinha em grande parte da Usina do Rio de Pedras que passou a apresentar no inicio os anos 20 um esgotamento na sua produção, devido ao aumento da demanda na capital. Isso travou por um tempo a expansão dos serviços de eletricidade, telefonia e transportes até o ano de 1926 quando o Governo Estadual resolve intervir, na tentativa de diminuir a deficiência dos serviços que contribuía para o atraso do crescimento de diversas regiões da capital.
    Uma coisa deve-se entender: o crescimento urbano está estritamente ligado com as redes de transportes, seja ele ferroviário, rodoviário etc: a malha urbana sempre acompanha os principais eixos viários de uma urbs pois normalmente os serviços essenciais para a manutenção e sobrevivência de uma zona ou região está ao longo das vias ou em suas proximidades além de toda a comunicação com o “centro nervoso” de uma cidade. Ao analisarmos o crescimento urbano de Belo Horizonte nesse período veremos que ele se deu ao longo das principais vias de comunicação, ou seja, as zonas oeste, noroeste e nordeste.
Visando a melhoria do transporte publico foi firmado em Março de 1923 um contrato para a criação de linhas de auto-ônibus. Esse serviço veio a atender regiões ainda não atingidas pelos Bondes e, com o tempo se expandiu cada vez mais para outros bairros da cidade visando suprir a falta desses. Em 1928 o Governo adquiriu alguns ônibus visando suprir a falta de Bondes ocasionada pela grande seca que diminuiu a capacidade da Usina de gerar energia para o abastecimento da capital. Além dessas linhas viárias existia também o transporte feito por particulares, sob concessão do Governo para a execução de tais serviços.
Os serviços de Bondes, sob intervenção do Estado tiveram suas linhas expandidas para diversos bairros e vilas na zona suburbana como, por exemplo, o Padre Eustáquio (ainda vila) e a Gameleira.
    Nos anos 30 a expansão dos transportes teve um controle maior por parte do Governo. A criação dos grandes eixos viários contribuiu de forma significativa para o aumento dos serviços de transporte, facilitando o deslocamento da população das áreas mais afastadas da capital até a zona central. Nesse contexto podemos também incluir as avenidas sanitárias, localizadas nos fundos dos vales e que foram criadas ao longo dos anos 30.
    Os bondes, mesmo tendo as suas linhas expandidas para diversas partes da zona suburbana no final dos anos 20 ainda apresentava um déficit enorme em relação à demanda da população para tais serviços. Já os ônibus tiveram a sua frota aumentada ao longo da década de 30, porém a frota se apresentava em grande parte sucateada como vemos na imagem abaixo, extraída de um jornal da época.

    Os ônibus já faziam parte do cotidiano dos transportes da capital, mas só ganharia força nas décadas seguintes, com a decadência dos serviços de bondes e a criação de outras linhas fazendo com que perdesse o rotulo de ser um transporte exclusivamente “proletariado”. Com a frota em mal estado de conservação e os bondes operando no limite de tempo e realizando várias viagens durante o dia os acidentes eram inevitáveis, como se vê na imagem abaixo, de um acidente ocorrido no ano de 1937 na Avenida Tocantins.


Noticia sobre o transporte coletivo nos anos 30.
Fonte: OMNIBUS - uma historia dos transportes coletivos em Belo Horizonte; FJP. Centro de Estudos Históricos e Culturais.


Inauguração dos serviços de ônibus em Belo Horizonte.
Fonte: OMNIBUS - uma historia dos transportes coletivos em Belo Horizonte; FJP. Centro de Estudos Históricos e Culturais.



Acidente com um Bonde no ano de 1937.
Fonte: OMNIBUS - uma historia dos transportes coletivos em Belo Horizonte; FJP. Centro de Estudos Históricos e Culturais.

Os Bondes não sofreram aumento em sua frota durante a década de 30, apesar do grande crescimento da capital nessa década, principalmente nas áreas mais afastadas da área central, exceção à linha da Vila Renascença datada de 1936 visando atender a Fabrica de Tecidos recém inaugurada. Não justificava a extensão dos serviços de bondes para tais áreas, pois além desses loteamentos, muitas vezes ilegais carecerem de todo tipo de serviços seria muito dispendioso levar os serviços para atender a uma pequena parcela de população.


Bonde na porta da Oficina de Bondes que ficava no local aonde foi construído anos mais tarde o Mercado Novo.
Fonte: Acervo MHAB


² Extraído do Relatório de 1935 do Prefeito Octacílio Negrão de Lima pág. 65.

³ Por não ser o meu objeto de estudo (política e interesses) não aprofundarei nesse tema...

10 comentários:

  1. Brigadim ;] Valeu mto pro meu trabalho!!!

    ResponderExcluir
  2. excelente trabalho! Parabéns!

    ResponderExcluir
  3. meu nome é tita.ESSA HISTÓRIA COM BONDE É ANTIGA. E ATÉ HOJE , NÃO TOMARAM NENHUMA PROVIDÊNCIA

    ResponderExcluir
  4. na era dos bondinhos, nós não tínhamos que esperar tanto,como hoje em dia........obrigado e espero que os bondinhos voltem o mais rápido possível.

    ResponderExcluir
  5. Parabéns pela materia! Adorei ver essas fotos, pena que a especulação imobiliária e a ganancia de alguns tenham acabado com muitas casas bonitas e transformado cinemas em outros estabelecimentos.

    ResponderExcluir
  6. vai me ajudar muito obrigado vc é muito fofo :)

    ResponderExcluir
  7. Tenho impresso as fls 62, 62A, 62B, 62C e 63 do Relatório do Prefeito Otacílio Negrão de Lima, de amplo acesso pela internet, que trata da criação do Parque Santo Antônio. Como o próprio relatório considera, esta foi "a iniciativa de maior vulto da nossa administração". O poder público municipal gastou vultuosa soma de dinheiro com serviços de escavação, terraplanagem e obras de concreto, para a implantação do balneário e praça de esportes. À pag 63 está escrito que "em concorrência pública o Minas Tênis alugou a praça de esportes". Sei que não é seu objeto de seu estudo (política e interesses) aprofundar neste tema. Mas é o meu. Assim, por gentileza me indique onde posso pesquisar documentos que me mostrem por que tão grandiosa obra e terreno público, pertencentes ao povo de Belo Horizonte, se tornaram privado. Agradeço desde já sua ajuda.
    Guilherme

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Guilherme, entre no endereço abaixo:
      http://saber.sapo.cv/wiki/Waldomiro_Salles_Pereira

      Qualquer dúvida me mande um email por favor ok? Está no canto superior direito da página. Obrigado!

      Excluir
  8. Eu acho bacana esses veículos antigos e queria
    ter tido a oportunidade de como é passear em um desses mas,
    infelizmente agr em 2016 temos que viajar para conhecer um.
    A opção que temos aqui é o MOVE mas sabe lá o que nos aguarde mais pra frente.^~^

    ResponderExcluir

Comente a vontade

Rios Invisíveis da Metrópole Mineira

gif maker Córrego do Acaba Mundo 1928/APM - By Belisa Murta/Micrópolis