Neste mês
de janeiro de 2024 vários locais de Belo Horizonte ficaram submersos, o que não
é novidade nenhuma no ano do centenário das primeiras intervenções da rede
hidrográfica da capital mineira (sim, começaram maciçamente a partir do ano de
1924, e os transbordamentos também, tudo isso se encontra no livro Rios
invisíveis da metrópole mineira, publicado há exatos oito anos).
Bacias como
a do córrego do Leitão, apesar das intervenções realizadas ininterruptamente há
um século nunca estarão livres dos transbordamentos, potencializados pelas
intervenções, impermeabilizações e incompetências que tanto caracterizam a
grande maioria das administrações municipais desde o ano de 1898 no que diz
respeito aos elementos naturais em meio urbano.
Enfim, mais
uma vez passamos pelos mesmos problemas que nunca serão plenamente
solucionados, problemas que poderiam ter sido mitigados no passado e no presente e que nunca erradicados, pois
transbordamentos são fenômenos naturais potencializados pela ação antrópica, pela incompetência das administrações municipais e
agora pelas mudanças climáticas.
“Nesse
sentido, pode-se concluir que o problema dos transbordamentos se deve pela
insistência do ser humano em habitar áreas que não deveriam ser habitadas e
modificadas, como as planícies de inundação. No entanto, as sociedades buscam
desde a antiguidade intervir nos fenômenos da natureza, na esperança de que um
dia alguns dos fenômenos possam ser controlados, ainda que a busca contribua
para a alteração dos fenômenos, no qual Brito (1944, p.49) observa que o
problema das inundações é, portanto, um problema estabelecido pelos caprichos
da atividade do homem, onde a impossibilidade de se resolver o problema deve
ser aceito para que se evite trabalhos desnecessários, o desperdício de
vultosas quantias e desilusões” (BORSAGLI, 2019).
Para saber
mais: Borsagli, Alessandro. Do convívio a ruptura: a cartografia na análise
histórico-fluvial de Belo Horizonte (1894/1977). Belo Horizonte, 2019, que pode
ser baixada/lida neste LINK
Borsagli,
Alessandro. Rios invisíveis da metrópole mineira (2016); Rios urbanos de Belo
Horizonte (2020).