Armazéns da Esso no inicio da década de 1950 segundo o IBGE. Ao fundo as Vilas Cachoeirinha e Ipiranga.
Fonte: Acervo IBGE
Os armazéns da Esso se localizavam às margens do antigo ramal da Central do Brasil que tinha origem no Horto, ao lado das Oficinas da Central. O ramal, que também transportava passageiros atendia ao Matadouro no bairro São Paulo e da Rua Jacuí, que integrava a antiga estrada municipal que dava acesso a Santa Luzia e ao Matadouro. Na imagem acima se pode ver além dos armazéns o Córrego da Cachoeirinha em seu leito natural, atualmente canalizado e a Vila de mesmo nome, além da Vila Ipiranga, situada à esquerda na parte superior da imagem. É interessante observar que a Rua Jacuí configura-se como o único acesso dessa porção da capital com a região central no período abordado. Ela fazia parte de uma rede de estradas municipais que partiam da região central e que foram ao longo das décadas absorvidas pelo constante crescimento da malha urbana de Belo Horizonte se transformando, em alguns casos em vias locais, atendendo aos bairros que nasceram no seu entorno.
Já o ramal férreo que partia das oficinas da Central, ainda existentes no bairro do Horto desapareceu em 1969, por ser considerado antieconômico e o seu leito hoje se encontra em grande parte absorvido pela malha urbana, com exceção de um pequeno trecho utilizado pelo Metrô.
Outro fato que chama a atenção do observador é a presença de uma propriedade rural à esquerda dos armazéns, remanescente da antiga zona rural de Belo Horizonte destinada ao seu abastecimento, cuja casa ainda existe, com algumas modificações. Essas propriedades, com a expansão urbana da capital foram sendo gradativamente fragmentadas e loteadas, dando origem a diversos bairros que circundam a Zona Urbana – leia-se Avenida do Contorno, da capital.
Rua Jacuí, antiga estrada municipal que dava acesso a Santa Luzia e posteriormente ao Matadouro sinalizada em parte da Planta de 1922.
Fonte: PANORAMA de Belo Horizonte; Atlas Histórico. Belo Horizonte: FJP. 1997.
Armazéns da Esso em destaque no mapa de 1955. Em vermelho pode-se ver algumas das antigas estradas municipais.
Fonte: Acervo do Autor
Os armazéns sinalizados na Planta Cadastral de 1954.
Fonte: PANORAMA de Belo Horizonte; Atlas Histórico. Belo Horizonte: FJP. 1997.
Com a construção do Túnel da Lagoinha e a abertura da Avenida Cristiano Machado na década de 70 toda essa extensão de terras foi rapidamente absorvida pela malha urbana de Belo Horizonte. É bom lembrar que essa região no período abordado era considerada pelo Poder Publico prioritária para a expansão da capital. A abertura da avenida fragmentou a Rua Jacuí, que foi cortada pela nova via.
Atualmente grande parte dos terrenos do antigo armazém estão ocupados por uma concessionaria de automóveis. A profunda mudança espacial ocorrida nas ultimas décadas erradicou totalmente da paisagem qualquer resquício do armazém que existiu ali, assim como grande parte das vias de acesso que levavam a ele, exceção a Rua Jacuí que ainda desempenha um papel importante de ligação entre os inúmeros bairros que compõem o seu entorno com a região central de Belo Horizonte.
Antigo leito do ramal da E.F.C.B. sinalizado na imagem acima. Em destaque está uma parte da Rua Jacuí que desapareceu quando da abertura da Avenida Cristiano Machado em 1971.
Fonte: Google Earth
Imagem de Satélite onde está destacada a área dos antigos armazéns.
Fonte: Google Earth
Nossa, você não sabe como fiquei feliz de ver essa foto e post. Cresci ouvindo falar desse depósito. Meu avô trabalhou por anos na Esso, onde entrou como escriturário, ainda nos anos 30, quando ainda era Standard Oil Company. Depois de ter passado uma temporada (1940 a 1949) no depósito de Montes Claros, onde foi responsável pela implantação e administração nos primeiros anos, retornou a BH tendo sido promovido a superintendente da Esso em MG, onde se aposentou nos anos 60. Era esse o seu local de trabalho, que ele tanto comentava em seus casos e histórias!
ResponderExcluirOlá, G_Mata , sou jornalista e estou fazendo um trabalho sobre as memórias da Esso nos 100 anos de Brasil. Gostaria de entrar em contato com você para saber mais sobre o seu avô e seus causos. Obrigado. Pedro Martins
ExcluirOlá, G_Mata , sou jornalista e estou fazendo um trabalho sobre as memórias da Esso nos 100 anos de Brasil. Gostaria de entrar em contato com você para saber mais sobre o seu avô e seus causos. Obrigado. Pedro Martins
ExcluirPedro, acho que estou entrando em contato um pouco tarde tarde... Ou não? Só agora vi seu post.
ExcluirSe quiser, me envie um email: 'gustavmata@yahoo.com.br'
Criei ha algum tempo um mapa com o traçado (o mais exato possivel) do antigo ramal de trem sobrepondo as ruas atuais:
ResponderExcluirhttp://maps.google.com.br/maps/ms?msid=210291333964160860697.0004a9dcecd684bfa7794&msa=0&ll=-19.859081,-43.895359&spn=0.140787,0.264187
Conversando com um vizinho, consegui as seguintes infos:
- A casa solitaria que aparece ao lado da Esso era de um tal Geraldo Diniz, que fabricava tanques e manilhas de concreto.
- No terreno do Minas Shopping morava um tal Arlindo, numa casa que ficava bem embaixo. Ele criava porcos. Na beira do Corrego Cachoeirinha aparece uma prainha de onde era extraída areia.
- Parece que o Matadouro foi desativado em um determinado momento e o trem ia até um tal 'Posto 651', segundo informações em outros sites. O tal posto parece que é esse deposito da Esso, onde o trem também era carregado. Não sei se o ramal foi desativado após a saída da Esso, se foi o contrário ou se não há relação.
- Familia de um tal 'Geraldo Barrão' seria dona dessa area no entorno do shopping e saberia todas as historias.
Interessante essa sua pesquisa Lucas, não sabia que o ramal do Matadouro se prolongava até a linha que seguia pro norte de Minas. Pelo que vi no seu mapa esse ramal se encontrava com o antigo ramal da Central de bitola estreita no Paulo VI, pelo seu mapa deu até pra identificar uma ponte antiga que tem nas proximidades desse entrocamento, muito bacana!
ExcluirEssa casa solitária que existia ao lado da Esso ainda existe uma pequena parte dela segundo o Sr. Flávio Edenlar P. da Silva, cuja familia tinha inumeras propriedades na região.
Esse Geraldo Barrão ainda está vivo? Seria interessante fazer um resgate histórico com ele e com a familia...
Alessandro, o prolongamento do ramal após o Matadouro foi um projeto nunca concretizado. Seria um tal 'contorno ferroviário'. Foram feitas várias obras em momentos distintos, como um túnel existente hoje no Capitao Eduardo e o extenso trecho entre as estações Sta Inês e Sao Gabriel do metrô. Como esta área hoje está toda ocupada, a Vale preferiu fazer as obras de retificação e modernização do trecho atual entre o Horto e Sabará.
ExcluirSim, a casa ao lado do depósito da Esso ainda está lá, mas deve ser demolida para a construção da Via 710, pelo projeto atual: http://www.skyscrapercity.com/showpost.php?p=89913044&postcount=809
O senhor que me forneceu as infos citou o nome desse Geraldo Barrao, mas ele não sabe ao certo onde a familia mora hoje - deu a entender que seria proximo ao Ouro Minas.
Alessandro, o prolongamento do ramal após o Matadouro foi um projeto nunca concretizado. Seria um tal 'contorno ferroviário'. Foram feitas várias obras em momentos distintos, como um túnel existente hoje no Capitao Eduardo e o extenso trecho entre as estações Sta Inês e Sao Gabriel do metrô. Como esta área hoje está toda ocupada, a Vale preferiu fazer as obras de retificação e modernização do trecho atual entre o Horto e Sabará.
ExcluirSim, a casa ao lado do depósito da Esso ainda está lá, mas deve ser demolida para a construção da Via 710, pelo projeto atual: http://www.skyscrapercity.com/showpost.php?p=89913044&postcount=809
O senhor que me forneceu as infos citou o nome desse Geraldo Barrao, mas ele não sabe ao certo onde a familia mora hoje - deu a entender que seria proximo ao Ouro Minas.
É uma pena ele não ter sido concretizado, hoje seria uma opção para a epopéia metroviária estender as suas linhas como deve acontecer (só não sei quando) para o Barreiro. Obrigado pelas observações e pela visita! Posteriormente devo reunir o material sobre essa região e publicar, vou ver se descubro mais alguma coisa e posto aqui.
ResponderExcluirSe ajuda, tem aqui o mapa do metrô de acordo com o Plano Diretor: http://maps.google.com.br/maps/ms?msid=210291333964160860697.0004ad192982abd60537a&msa=0 . nao leva em consideração a possível [re]ativação de ramais de trem para outras cidades da região metropolitana.
ExcluirParabéns pelo blog. Vc sabe em que ano o depósito foi desativado.
ResponderExcluirGostaria de acrescentar que o Minas Shopping foi construído nos terrenos do Sr Paulino José Diniz e sua esposa Divina Carvalho Silveira Diniz, ( eram primos segundo grau), descendentes de Francisco Luiz de Carvalho e de Francisca Cândida de Jesus que foram proprietários de grandes fazendas na região do Curral del Rey. Bem a beira do Córrego da Cachoeirinha tinha uma Olaria chamada Barone e também um
ResponderExcluirpequeno porto de retirada de areia. O muro existente entre um terreno pertencente à Prefeitura de BH e a a sede da fazenda ainda está no mesmo local, bem em frente ao Hotel Ouro Minas Hotel.
Onde está localizado o Hotel Ouro Minas era casa de outra descendente da família Diniz e irmã do Sr Paulin