Parte da Planta Cadastral de 1931 na qual se destaca o projeto da Cidade Universitária.
Fonte: PANORAMA de Belo Horizonte; Atlas Histórico. Belo Horizonte: FJP. 1997. 103 p.

O Campus Universitário ou Cidade Universitária, em que se vê acima em parte da Planta Cadastral de 1931 estava projetado para ser construído dentro da zona urbana de Belo Horizonte, nos limites da Avenida do Contorno. A área do Campus corresponde hoje a cerca de 30 quarteirões distribuídos pelos bairros de Lourdes e Santo Agostinho. No caso do bairro Santo Agostinho a área do Campus corresponde a quase 90%de todo o bairro atualmente. Segundo a Planta, o Campus faria limite com a Barroca, área que se localizava no final da Avenida Amazonas, no cruzamento com a Avenida Itacolomi, atual Barbacena.
Entre 1897, ano da inauguração da capital e o final dos anos 20 as áreas situadas no sul da capital praticamente permaneceram despovoadas, pois eram áreas reservadas pelo Poder Público para a expansão das classes mais abastadas da capital, planejamento de fato consolidado com a expansão do bairro de Lourdes, nas vertentes do Córrego do Leitão a partir dos anos 20 e posteriormente com a criação do bairro Cidade Jardim Fazenda Velha no inicio dos anos 40. A Planta acima não levava em consideração a Favela da Barroca, que existiu até meados dos anos 40 nas áreas ocupadas atualmente pela Assembléia Legislativa e por parte dos bairros Santo Agostinho e Lourdes. Essa ocultação da real ocupação urbana era comum nas primeiras Plantas de Belo Horizonte pois o Estado procurava preservar ao máximo a imagem da capital como um exemplo de organização e bem estar social.
A imagem abaixo, obtida do local aproximado aonde hoje se encontra a Trincheira da Raja Gabaglia mostra parte da margem esquerda do Leitão e algumas cafuas pertencentes à dita Favela em área que ainda não estava regularizada conforme a Planta da CCNC de 1895.

Imagem obtida das proximidades da Trincheira da Avenida Raja Gabaglia, onde se vê parte da margem esquerda do Córrego do Leitão com a presença de algumas cafuas que pertenceram a Favela da Barroca. Ao fundo o bairro de Lourdes e a direita a Avenida do Contorno.
Fonte: BH Nostalgia

O inicio da ocupação dessa região, assim como a construção do bairro Cidade Jardim iniciou-se pouco tempo após esse registro fotográfico. Essa parte da cidade integrava o projeto de expansão projetado pelo Poder Público que se consolidou na Gestão JK que planejava ai um bairro ocupado pelas elites, ou seja, planejado apenas para uma pequena parcela da população belorizontina e servindo como exemplo para a difusão de Belo Horizonte como uma cidade moderna, imagem que JK buscava materializar a qualquer custo.
Como o Campus Universitário seria instalado nas terras da recém desapropriada (1942) Fazenda Dalva (Campus da UFMG na Pampulha) as áreas antes reservadas para a sua construção na zona urbana foram loteadas e vendidas a particulares como parte de um projeto de maior controle de expansão urbana promovida na gestão JK que atingiu também a zona suburbana. A Cidade Jardim, como dito anteriormente foi um bairro planejado para a população mais abastada teve a sua construção iniciada no inicio dos anos 40. Nessa mesma década foram doadas a Igreja terras para a edificação de instituições de ensino Católicas e posteriormente foram construídas as Faculdades de Farmácia e de Odontologia, esta em frente ao Museu.

Calçamento e regularização da Rua Conde de Linhares. A direita parte do bairro de Lourdes e ao fundo a área central de Belo Horizonte.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1948.

Calçamento e regularização da Avenida Olegário Maciel.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1948.

O bairro de Lourdes, visto a partir da Rua Tomás Gonzaga, no cruzamento da Avenida Olegário Maciel.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1948.

Parte dos bairros Cidade Jardim e Santo Agostinho em fotografia aérea de 1956. Nesse periodo os bairros ainda não estavam densamente ocupados, como se pode ver na imagem diversos quarteirões ainda vazios.
Fonte: PANORAMA de Belo Horizonte; Atlas Histórico. Belo Horizonte: FJP. 1997. 103 p.

Área projetada para a Cidade Universitária em destaque. Nessa imagem, do ano de 2008 é notável o adensamento dos bairros abordados, consequência do processo de verticalização iniciado em meados dos anos 70 e acentuado à partir do ano de 2005.
Fonte: Google Earth

Fonte: Portal PBH - Regional Centro-Sul

Publico hoje um Mapa referente ao Artigo "Qualquer semelhança não é mera coincidência – o destino dos cursos d’água que atravessam a capital". O mapa, de autoria da PBH nos mostra a situação atual dos três cursos d'água abordados no Artigo e que atravessam a área central de Belo Horizonte, no caso o Acaba Mundo, o Leitão e o Serra. Além disso podemos visualizar no mapa os limites das três sub-bacias que integram a Bacia do Ribeirão Arrudas além de parte da bacia do dito Ribeirão e também a sub-bacia do Córrego dos Pintos. No mapa também consta o tipo de canalização empregada nos cursos d'água. Conforme dito no Artigo o destino dos três cursos d'água foi o mesmo: foram integrados a rede de esgoto da capital. Como se encontram revestidos sob as ruas e avenidas de Belo Horizonte para identifica-los muitas vezes é necessária uma consulta as antigas Plantas da cidade de Belo Horizonte.

Rios Invisíveis da Metrópole Mineira

gif maker Córrego do Acaba Mundo 1928/APM - By Belisa Murta/Micrópolis