Correio da Manhã 1913.
Acervo BN

Acervo IBGE


Na iminência da elevação da Pampulha a categoria de patrimônio cultural da humanidade, é de suma importância traçar um breve histórico da região e de toda a sua importância para Belo Horizonte, região, aliás, nunca abordada diretamente pelo Curral del Rey, apenas por “pinceladas” dadas no momento da construção do Complexo Arquitetônico e da sua contribuição para a bacia do ribeirão da Onça, que nada mais é que a bacia do ribeirão Pampulha.
A região da Pampulha está estritamente ligada com o surgimento de Venda Nova no inicio do século XVIII. Por mais de duzentos anos, a região abrigou inúmeras fazendas que passariam a fornecer víveres para a infante capital, construída na ultima década do século XIX.
O acesso a importante região agrícola era realizado a partir dos caminhos que se originavam ao longo da estrada municipal para Venda Nova, integrada ao tecido urbano da região, que se encontrava em expansão na década de 1940. É importante observar que ainda existem as ruínas da centenária ponte sobre o ribeirão Pampulha nas proximidades do Aeroporto, abandonada após a construção de uma nova estrada quando das obras de represamento do ribeirão e da construção do Campo de Aviação, descobertas pelo autor a partir de visitas de campo à bacia do ribeirão Pampulha.
            A partir de 1930, com a consolidação da capital mineira e das politicas urbanas da Era Vargas (recomendo a leitura do Artigo “A Metrópole no horizonte: o desenvolvimento urbano de Belo Horizontena Era Vargas: 1930/1945” publicado na Revista do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte no ano de 2015) a agrícola região passou a ser vista como uma importante reserva de terras para uma futura expansão urbana, o que aconteceria ainda nesta década, a partir da construção da represa da Pampulha.

As ruínas da antiga ponte da estrada para Venda Nova, descoberta
e fotografada pelo Autor no ano de 2015.
Foto do Autor

Parte da bacia do ribeirão Pampulha correspondente a região da 
represa, em Planta do ano de 1936. Detalhe para um dos inúmeros
loteamentos lançados no período.
Acervo do Autor

O Complexo da Pampulha

            A Represa da Pampulha foi construída na bacia do ribeirão Pampulha, formado pelos córregos Ressaca e Sarandi, entre outros pequenos afluentes. A represa, construída na gestão de Octacílio Negrão de Lima em 1938 tinha como objetivo o abastecimento de água da capital e proporcionar um espaço para a prática de esportes aquáticos, dentro do desenvolvimento do lazer promovido na era Vargas para a população dos centros urbanos. Belo Horizonte, desde a sua inauguração contava com um precário abastecimento de água e a represa figurava como uma alternativa para o equilíbrio do déficit existente entre o crescimento populacional e o abastecimento. Após a sua construção houve um descaso nas décadas seguintes em relação à preservação das nascentes da bacia do ribeirão, além da ocupação desordenada das cabeceiras do curso d’água e da retirada da cobertura vegetal das cabeceiras e dos morros adjacentes à represa. Tudo isso levou a calamitosa situação atual, onde a estação de tratamento de água foi obrigada a encerrar suas atividades, visto a impossibilidade do tratamento da água captada da represa.

Obras de construção da barragem da Pampulha no final da década de 1930.
Acervo APCBH

A Pampulha seria um dos alicerces das políticas de modernização de Belo Horizonte implantada pela gestão JK, na qual a região se tornaria o marco da projeção da capital de Minas como uma cidade moderna, alinhada com a nova ordem politica do país, pensada para ser o símbolo da sociedade moderna da capital. Era a recuperação, parcial, do ideal modernista onde os políticos mineiros da nascente República se apoiaram para levar adiante a ideia de uma nova capital para Minas Gerais, onde o modernismo romperia com o passado colonial, enraizado na cultura do estado.
Em 1941 a represa foi transformada em área de lazer para a população belorizontina e amplamente utilizada pela administração JK e pelas administrações futuras para promover a capital como uma capital moderna e como atrativo turístico de uma cidade de meia idade. A estratégia de consolidação da região se completaria com a construção do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, cujo projeto coube a artistas e arquitetos conhecidos pelos trabalhos de vanguarda realizados na década anterior. O projeto do conjunto arquitetônico ficou a cargo do arquiteto Oscar Niemeyer, as pinturas seriam executadas por Cândido Portinari, o conjunto paisagístico seria executado por Burle Marx e as esculturas por Alfredo Ceschiatti, entre outros profissionais. Era a concretização do plano politico de JK, cujos alicerces eram a industrialização, o incremento do comercio e do consumismo e a consolidação urbana.

A barragem no ano de 1941.
Acervo APCBH

 Construção da Casa do Baile no ano de 1941.
Acervo APCBH

Construção do Iate Clube, 1941.
Acervo APCBH 

Um dos croquis da Igreja de São Francisco de Assis.
Acervo APCBH


A justificativa dada pelo prefeito em seu relatório de 1941 para a construção do Complexo era clara, pois, segundo JK não se poderia frear o desenvolvimento urbano de Belo Horizonte, sendo necessária a continuidade do crescimento urbano para as regiões mais afastadas, projetando assim a capital como um dos grandes centros urbanos brasileiros, na vanguarda do modernismo e do desenvolvimento da urbe:

"A Pampulha era uma imposição do progresso da capital, traduzido no crescimento constante da área edificada e na projeção vertical das construções, quando os arranha-céus vieram substituir casas velhas e sem conforto”. Compreendemos ser a ocasião propicia para dar a cidade uma serie de atrações que em outros centros de população densa constituem fator preponderante para o desenvolvimento do intercambio turístico, uma das mais rendosas indústrias que podem contar as cidades".

         A partir da construção do Conjunto Arquitetônico a represa da Pampulha passaria a fornecer água somente para os bairros nobres que surgiram na região. A represa, construída para regularizar o abastecimento de água de grande parte do município seria utilizada apenas para abastecer uma classe privilegiada, mesmo assim por alguns anos. A construção do Complexo incentivaria o crescimento urbano para a região norte de Belo Horizonte, ao mesmo tempo em que se empreendeu a construção do Aeroporto da Pampulha e da Cidade Universitária, criada em 1941. A região passou a ser atendida pela Avenida Antônio Carlos, uma das principais avenidas radiais construídas no período. As áreas destinadas às residências nos bairros criados no entorno da represa seriam ocupadas pela população de maior poder aquisitivo por imposição da Prefeitura e pela especulação imobiliária que atuaria de forma similar ao que já ocorria na zona planejada da capital, inflacionando o metro quadrado da região.
A importância dada a Pampulha foi tamanha que no relatório apresentado ao Conselho Deliberativo em 1942 pelo Prefeito 32 páginas foram dedicadas para explicar e exaltar o conjunto arquitetônico e paisagístico da Pampulha. Juscelino Kubitscheck utilizaria as obras do Conjunto Arquitetônico da Pampulha como um trampolim para se projetar nacionalmente, como a imagem de um político adepto aos ideais modernistas, em contraposição aos velhos políticos da República Velha, sucumbidos após a revolução de 1930. A gestão JK, apesar de conotações populistas e modernizadoras, que promoveu uma profunda transformação da paisagem urbana belorizontina, assim como as gestões desde a década de 1920, deu continuidade a política de favorecimento às elites da capital, onde a Pampulha se tornaria o principal marco desse favorecimento enrustido pelo populismo. Tal gestão de vanguarda, com claras intenções futuras, acabou por projetá-lo no cenário nacional como o político ideal para colocar o Brasil no caminho da modernidade após o fim do Estado Novo, ressaltando que as políticas urbanas, aplicadas em sua gestão, ainda ecoam pela capital mineira, materializada no Conjunto Arquitetônico da Pampulha e nas Avenidas Radiais.

Casa do Baile.
APCBH acervo José Góes

Iate Clube e à esquerda o Cassino, ambos concluídos.
Acervo APCBH

Não será exposto aqui a segunda metade do século XX, tão recente na memória dos citadinos, metropolização etc. um período já trabalho aqui no Curral del Rey e no livro Rios invisíveis da metrópole mineira, mas em todo esse contexto Belo Horizonte, que sempre buscou uma identidade moderna, idealizada e materializada por JK no Complexo Arquitetônico da Pampulha a encontrou no singular Complexo. Perdida em meio ao ecletismo em demolição e ao deconiano tão desprezado, o primeiro lampejo de “modernidade”, a cidade finalmente se encontrou na aristocrática Pampulha e certamente de lá sairá toda a importante valorização de nosso conjunto arquitetônico produzido sob diversos épocas e momentos de uma cidade em eterna construção. Eu, que pesquiso ininterruptamente há quase uma década sobre a capital mineira, torço para que o reconhecimento não pare por ai, principalmente a nível local e que o belo espelho d’água que molda todas as belezas arquitetônicas seja plenamente e verdadeiramente recuperado e não apenas em propagandas que ofendem a inteligência dos belorizontinxs, mesmo após a conquista de um título tão importante para a bela e moderna urbe mineira, pois a recuperação não se dá em meses ou no prazo de uma administração (04 anos) e sim a partir de um planejamento a longo prazo e outras coisas mais, importantes detalhes que nunca aconteceram por essas bandas.

Uma Pampulha bela, potável, navegável e sociável, 
esse é o nosso desejo.
Acervo MHAB




MHAB acervo CCNC


      Tenho visto nos últimos tempos nas redes sociais uma grande quantidade de imagens antigas com erros (em alguns casos) de localização e principalmente de datação, o que contribui para a perpetuação de erros históricos que acabam se tornando verdade, fato normal se tratando de rede social e do período em que estamos atravessando, onde uma mentira repetida mil vezes se torna verdade. Naturalmente muitas delas realmente não possuem informações precisas de data e local, no entanto, inúmeros erros vem sendo cometidos em imagens de acervos que se encontram datados e localizados de maneira correta.
      A imagem acima, do ano de 1895, uma das primeiras registradas pela CCNC após o período de estudos para a construção da nova capital, apresenta uma Avenida Afonso Pena em inicio de abertura, ou seja, a importante via, o boulevard de Aarão Reis, que fez questão de batiza-la com o nome de seu amigo político, se encontrava no no de 1895 em projeto, ressaltando que nos primeiros anos a avenida foi aberta entre o mercado (atual Estação Rodoviária) e a Avenida Brasil, sendo o restante concluído entre os anos de 1905 e 1929, com a terraplenagem da Praça do Cruzeiro.

Detalhe da Avenida Afonso Pena nos anos de 1898/1899.
Acervo MHAB

A avenida nos primeiros anos da nova capital, em imagem
de Francisco Soucasseaux.

      Nesse contexto, é importante a construção de um olhar critico em relação as imagens e informações disseminadas para que erros históricos não se perpetuem, evitando assim a banalização de imagens e paisagens produzidas sob o olhar artístico de fotógrafos e entusiastas da 8ª Arte, ressaltando que a imagem exerce um papel muito mais complexo do que apenas a contemplação, guardando os valores e ideais do seu tempo e das transformações paisagísticas, políticas, econômicas e sociais. 

Um dos recantos instalados na Praça 15 de junho, no bairro
Santo André. Acervo APCBH/ASCOM

      Ao ler uma notícia na página BH pela Infância, a respeito da obrigatoriedade da instalação de brinquedos para as crianças nas praças de Belo Horizonte, e da tentativa da municipalidade em barrar juridicamente a instalação dos equipamentos, lembrei de uma passagem publicada no livro BH em Pedaços no ano de 2016, quando a administração de Celso Mello de Azevedo (1955/1959) instalou em diversos locais da capital equipamentos destinados ao lazer das crianças, que não se restringia às praças, chegando a ocupar inclusive os largos canteiros centrais das avenidas, cena inimaginável na atualidade, em um momento em que a cidade ainda era pensada para as pessoas, uma realidade que rapidamente se alterou nos anos seguintes.
      Abaixo alguns dos exemplos de uma paisagem desaparecida em meio a metropolização de uma cidade que trocou o convívio, o verde e a cordialidade e polidez pelo individualismo veicular e pelo cotidiano cinzento e arrogante de parte de uma sociedade que desconhece o seu passado e o seu futuro.

  
Avenida Carandaí.
Acervo APCBH/ASCOM

Avenida Brasil.
Acervo APCBH/ASCOM

Avenida Bias Fortes.
Acervo APCBH/ASCOM


Referência: BORSAGLI, Alessandro. Belo Horizonte em pedaços: fragmentos de uma cidade em eterna construção. Belo Horizonte, Clube de Autores, 2016, (214 p.) *p.146.


Fonte: Jornal de Minas, fevereiro de 1974.


     Nesse período histórico e ao mesmo tempo preocupante em que estamos atravessando, a pesquisa, apesar dos percalços que vem sofrendo em meio à ignorância generalizada de parte da população que se "politiza" e busca esclarecimentos em postagens de conteúdo duvidoso e carregados de interesses macabros, é de suma importância para que se possa entender períodos da história não vividos e em alguns casos distorcidos.

A imagem acima remete ao ano de 1974, parte de uma matéria publicada pelo Jornal de Minas, a respeito de um atropelamento de um garoto faminto, que buscava o seu alimento no Vazadouro Morro das Pedras, ou "Boca do Lixo", publicada por um dos poucos jornais que em diversas oportunidades furou a blindagem da censura importa pelo período ditatorial 1964-1985 (ou 1989 caso queiram). No ano de 1975 o vazadouro começava a ser abandonado, com a construção do aterro sanitário do Califórnia na BR-040.



   Está a venda o livro Horizontes Fluviais, que tem como intuito apresentar para Belo Horizonte, através de imagens antigas e atuais toda a beleza dos rios urbanos, visíveis e ao mesmo tempo invisíveis para uma urbe que se encontra assentada sobre uma imensa caixa d’água. São 146 páginas a cores que trazem imagens e histórias inéditas sobre os cursos d’água, além de um capítulo que buscou retratar, a partir do olhar geográfico toda a beleza do elemento líquido horizontino a partir de inúmeras perspectivas e situações, desde o natural quase virgem até a máxima urbanização e degradação.


Praça com aspecto de largo: a Praça da Liberdade nos 
primeiros dias da nova capital.
Fonte: Sedução do Horizonte (1997).


      Uma breve história dos primeiros anos da praça, construída no "Alto da Boa Vista" do arraial do Curral del Rey.
   No dia 12 de dezembro de 1897, a inacabada Praça da Liberdade serviu de palco para as comemorações da histórica data de inauguração da nova capital, inaugurada em obras.
     Nos três anos seguintes, a praça figurou na paisagem na urbe administrativa como um largo que separava os edifícios institucionais e poucas residências pertencentes aos altos funcionários da administração estadual, corroborando a função hierárquica para a qual a cidade fora projetada. Ainda assim, a Praça era um roteiro obrigatório para os ilustres visitantes que para cá se dirigiam, projetando assim a praça e os seus edifícios como o cartão postal da capital, ornamentação máxima dos planos políticos da nascente república.
     No ano de 1901, a praça, então desprovida de ornamentos e com uma pequena arborização foi calçada por paralelepípedos oriundos de Conselheiro Lafaiete[1], ressaltando que apenas a alameda central da praça se encontrava calçada no período, visto a conexão direta com o Palácio. A Praça da Liberdade e a Avenida Liberdade figuravam nesse período como um eixo de conexão entre os edifícios institucionais da Avenida Afonso Pena e o local máximo da representatividade do poder do Estado, conectados por uma ampla avenida, que servia ainda de ligação entre a praça e a Praça da República, de onde se seguia para varias partes da zona urbana planejada. A extensão verde entre as praças era notória, conectando ainda o Parque Municipal, ponto de irradiação das massas vergéis de Belo Horizonte. 

"O aformoseamento da cidade tem sido, constantemente, do numero das minhas preocupações; desde o começo o demostrei, contratando por 15:000$000 com o hábil paisagista Sr. Antônio Nunes de Almeida o ajardinamento das praças da Liberdade e da Estação, serviço que será oportunamente aceito pela prefeitura, de acordo com as disposições do contrato. Para ajardinar a Praça da República fiz desenhar uma planta, de cuja execução será encarregado o Sr. Antônio Rocha" (Relatório Francisco Bressane, 1093, p.14).

      Nos anos seguintes o ajardinamento e demais benfeitorias da Praça da Liberdade se encontravam concluídas, marco do inicio da execução dos planos ornamentais do poder público, que tornaram a capital mineira referência no país no que diz respeito à harmonia entre o urbano e o verde.

Praça da Liberdade no ano de 1910.
Fonte: Acervo do Autor.

Praça da Liberdade no ano de 1912.
Fonte: Acervo do Autor.




[1] Relatório prefeito Bernardo Pinto Monteiro, 1902 p.34.


Inauguração da Rodovia Fernão Dias (BR-381), 1959.
Acervo do Autor


"O asfalto, presente nas políticas municipais desde a década de 1920, tomou uma conotação modernizante na gestão municipal de JK, passando a ser empregado em larga escala pelas administrações seguintes. Na gestão de Mello de Azevedo ele passou a ser vendido não somente como um agente modernista, mas também como um elemento embelezador da paisagem urbana encontrando no automóvel, símbolo do progresso, de status e de distinção social o seu par, tudo muito bem assimilado pelas sociedades urbanas brasileiras. A força de tal argumento se encontra presente até a atualidade em nossa sociedade, na qual o veículo individual movido a combustível ainda é visto como um objeto que propicia conforto, liberdade e abundância, ainda que sua função seja apenas para locomoção e erroneamente atribuída a ele um valor além da sua finalidade de uso." (Borsagli, 2017, p.196).

Bacias hidrográficas do município de Belo Horizonte.
Fonte: Alessandro Borsagli/Sob a sombra do Curral del Rey

      No mês do dia mundial da água, a partir das pesquisas realizadas para o livro "Sob a sombra do Curral del Rey Volume 1", foram elaborados três mapas das bacias hidrográficas do município de Belo Horizonte, na qual estão incluídas a sub bacia do córrego dos Borges e Espia, afluentes da margem oeste do rio das Velhas.
     Ressalta-se que o primeiro mapa abrange a rede hidrográfica inserida nos limites municipais, e os dois mapas seguintes as bacias dos ribeirões Arrudas e Onça na sua totalidade. Para a utilização dos mapas, deve ser citada a seguinte referência:

BORSAGLI, Alessandro. Sob a sombra do Curral del Rey: contribuições para a história de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Clube de Autores, 2017, 452p.


Bacia hidrográfica do ribeirão Arrudas.
Fonte: Alessandro Borsagli/Sob a sombra do Curral del Rey


Bacia hidrográfica do ribeirão da Onça e sub bacias dos ribeirões da Izidora, Borges e Espia.
Fonte: Alessandro Borsagli/Sob a sombra do Curral del Rey


* Os mapas das bacias dos ribeirões Arrudas e Onça foram atualizados no ano de 2018.



Acervo do Autor

      Caraterísticos dos primeiros anos da nova capital de Minas Gerais, os postais procuravam vender uma capital moderna e bela, uma pérola em meio às tortuosas cidades nascidas ao longo dos caminhos das bandeiras e das boiadas.
      O geométrico bairro comercial e os seus edifícios ecléticos figuram em quase todos os postais do período, no qual se destaca a imagem acima, feita a partir da Rua Varginha, de ares rurais e integrante de um dos bairros mais populosos do período. 
    Destaque para a zona planejada e a Rua Rio de Janeiro, interrompida na altura da Rua dos Guaicurus, em um momento em que a Avenida do Contorno se encontrava praticamente em projeto, com pequenos fragmentos ao longo da zona planejada. E as belas montanhas curralenses a moldar o planejado.
      






Vista parcial da cidade de Belo Horizonte, 1906.
Acervo do Autor/Curral del Rey


      Alinhada com as primeiras postagens do blog, que em abril completa oito anos no ar, publico hoje uma imagem do meu acervo pessoal que remete ao ano de 1906, apresentada em um dos inúmeros postais produzidos nos primeiros anos da nova capital de Minas, com o intuito de difundir a moderníssima urbe no estrangeiro, buscando atrair imigrantes para uma capital de cerca de 20.000 habitantes, vazia e moderna, de ares interioranos.
     A imagem, feita do Alto da Estação (Rua Sapucaí), mostra em primeiro plano o armazém de cargas da Central do Brasil, atualmente utilizado como estação pela E.F. Vitória-Minas, e à direita alguns dos hotéis construídos a partir da demanda ferroviária, porta de entrada da capital. 
      À esquerda é possível visualizar o edifício dos Correios, em fase final de construção e a Igreja de São José. Ao fundo parte do bairro comercial e mais adiante o alinhamento montanhoso das vertentes dos córregos do Leitão e a Serra da Contagem.
     Uma imagem que remete a uma paisagem atualmente inimaginável, para uma capital nova e rapidamente metamorfoseada em metrópole vertical e impermeável.  

Rios Invisíveis da Metrópole Mineira

gif maker Córrego do Acaba Mundo 1928/APM - By Belisa Murta/Micrópolis