“Pela complexidade de sua fisionomia urbanística, Belo Horizonte
gradua-se hoje entre os núcleos mais adiantados do país. Fluxos de população
convergem de todos os quadrantes, atraídos pelas condições de vida econômica, social
e cultural que aqui se lhes oferece. Em plena expansão demográfica, a cidade
amplia-se em duplo sentido: horizontal e vertical assim na área geográfica
aperfeiçoando concomitantemente seus aspectos arquitetônicos, como na esfera
social e intelectual, dotada, a mais e mais dos recursos necessários ao
conforto e à beleza das cidades modernas, e cada vez mais florescente nas
atividades artísticas e cientificas por suas academias e órgãos culturais.” Relatório do prefeito Juscelino Kubitscheck de 1941.
Antiga sede da Fazenda do Leitão desapropriada em 1894 quando da construção da capital. No casarão foi fundado o Museu Histórico de Belo Horizonte em 1943. Na escadaria do casarão à direita está o Sr. Abílio Barreto, idealizador e primeiro diretor do Museu.
Fonte: APM
Belo Horizonte tinha cerca de 214.000 habitantes no alvorecer da década de 40. A cidade se expandia continuadamente para o oeste devido às vilas que haviam sido criadas anos antes e principais responsáveis por esse crescimento da malha urbana.
O notável crescimento urbano verificado a partir de 1930 levou a Prefeitura a elaborar uma nova planta cadastral no inicio da década de 40. Ela ficou pronta em 1942 e nos apresenta em detalhes os equipamentos que existiam em cada quarteirão da zona urbana, assim como os lotes de uso comercial ou residencial¹ e as divisões da cidade e os seus limites. Outro fator para a elaboração de uma nova Planta era a necessidade de se fixar os novos limites da cidade devido à expansão urbana, como se vê no mapa abaixo.
Fonte: Acervo MHAB
Fonte: APCBH
Nos anos 30 Belo Horizonte havia começado a exercer influencia sobre as demais regiões do estado. Nos anos 40 essa influencia se consolidou definitivamente extrapolando ate mesmo os limites do estado.
Havia sido criada em 1936 uma Zona Industrial na capital, mais precisamente ao longo do Ribeirão Arrudas e as linhas ferroviárias entre o Barro Preto e a Ponte do Perrela. Como essa área não podia comportar indústrias pesadas tornou-se necessária a criação de uma Cidade Industrial nas proximidades da capital. Ela foi criada em 1941 e inaugurada cinco anos depois. O principal acesso a ela dava-se pela Avenida Amazonas, prolongada na gestão JK para atender a essa região e aos bairros da porção oeste da capital. Visando a melhoria da via foi demolida a primitiva ponte sobre o Ribeirão Arrudas na Gameleira, a primeira ponte em concreto armado construída em Belo Horizonte nos anos 10 e em seu lugar construiu-se uma mais larga e que existe até os dias atuais. Na verdade a cidade industrial de fato começou a alavancar somente a partir da década de 50.
A
capital apresentava desde os primeiros anos do Século XX um crescimento
periferia-centro. Os motivos desse crescimento já foram abordados em artigos
anteriores, não sendo necessário escrevermos novamente sobre ele. Em
contraposição desse crescimento os serviços de infra-estrutura urbana eram
executados no sentido centro-periferia. Essa divergência prejudicou
consideravelmente a melhoria dos bairros e vilas que iam surgindo na Zona
Suburbana que careciam muitas vezes de água, luz esgotos etc. A partir dos anos
30 e principalmente no decorrer dos anos 40 a prefeitura passou a priorizar a
melhoria da infra-estrutura urbana nessas regiões, principalmente nos serviços
de água e luz, imprescindíveis para o desenvolvimento urbano.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1941.
Devido ao vertiginoso crescimento de Belo Horizonte são implantadas em 1948 as Cidades Satélites. A medida visava solucionar os problemas decorrentes do crescimento, e preservar o bem estar da população prevista em 1897¹², como se lê nas palavras do Prefeito Octacílio Negrão de Lima em
1948:
“Belo Horizonte não tem possibilidades de oferecer os serviços de
infra-estrutura demandados pela população crescente. Esta é a razão principal
por que entendemos necessário criar as cidades satélites ao redor da cidade. O
barreiro está destinado a ser a cidade satélite agrícola. A Cidade Industrial a
meio caminho do Barreiro e de Belo Horizonte será o centro fabril; temos como
cidade de turismo e diversão a Pampulha. Venda Nova constituirá um belo centro
residencial, uma verdadeira cidade popular. Como centro de atração desse
conjunto harmônico ficará Belo Horizonte. Conseguindo esse objetivo, a capital
de Minas poderá comportar 1 milhão de habitantes, confortavelmente instalados,
bem servidos de utilidades e vivendo felizes”.
Esse planejamento feito nos mostra que se desconheciam (ou
ignoravam) as funções de uma cidade do porte de Belo Horizonte, que naquela
época já se apresentava como um pólo centralizador no Estado exercia. Uma
capital é um organismo vivo que acumula várias funções, sejam administrativas,
comerciais, industriais, residenciais etc. Planejar uma setorização das funções
em cada núcleo urbano ao redor da capital naquele momento não foi uma medida
correta e o vertiginoso crescimento demográfico e urbano a partir dos anos 50
comprovou isso. Era uma boa ideia, mas que na prática não deu certo e que
atualmente abrigam as regionais da capital exercendo função de sub centros.
No decorrer da década é definitivamente consolidada a verticalização da área central, com as construções dos edifícios Acaiaca, Financial, Sulacap/Sulamérica, Walmap entre outros. A legislação aprovada no inicio dos anos 30 e modificada no final dos anos 40 favoreceu a expansão dos arranha-céus no centro e o consequente adensamento, de modo que no final da década de 40 a sua fisionomia já estava completamente alterada e com ares de metropolização e modernidade, marcas da verticalização.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1949.
Fonte: Acervo MHAB
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1949.
Verticalização na área central em 1948 onde se vê os edifícios Acaiaca, Financial, Sulacap entre outros.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1949.
A criação de bairros populares continuava a ser uma das prioridades da municipalidade. Como a cidade se expandia cada vez mais e os terrenos próximos à área central se valorizavam cada vez mais alguns bairros foram criados em áreas mais afastadas, o que ocasionava um maior gasto por parte da população que era obrigada a se deslocar para a área central por motivo de trabalho. Visando diminuir esse gasto do trabalhador e também diminuir os gastos da prefeitura com as grandes extensões de terrenos ela resolve construir em 1940 o bairro popular em terrenos de sua propriedade na Avenida Pedro I, atual Antonio Carlos em frente a Pedreira Prado Lopes. O bairro popular, mais conhecido por IAPI¹³ apresentava como principal característica os grandes prédios de apartamentos interligados por passarelas ainda existentes. O projeto inicial contava com onze edifícios, mas na verdade só se construíram nove.
Data também da primeira metade da década de 40 a construção do bairro popular “Mato da Lenha” nas proximidades da Estrada do Cercadinho posteriormente bairro Salgado Filho. No final da década de 40 são construídas casas populares para os trabalhadores do Matadouro Modelo que se localizava no bairro São Paulo cujo acesso se fazia pela Rua Jacuí²¹.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1941.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1941.
Fonte: APCBH/ASCOM*
Fonte: APCBH/ASCOM
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1949.
A Avenida da Pampulha ou Pedro I, atual Antonio Carlos foi aberta em função da necessidade de melhoria do acesso a Pampulha, recém construída como um atrativo para o turismo e lazer da capital. O acesso se dava pela estrada de Venda Nova que já havia sido alargada e calçada nessa época, mas que não atendia os preceitos de uma cidade moderna e dinâmica, algumas das diretrizes que nortearam a administração JK. A Avenida aproveitou o trecho já aberto da Avenida Sanitária, sobre o Córrego Lagoinha entre o Ribeirão Arrudas e a Rua Formiga e a partir daí abriu-se a nova avenida em direção a Represa. Devido à abertura da Avenida e a instalação da Fabrica de Tecidos na Renascença o Córrego Cachoeirinha foi parcialmente canalizado, em grande parte com o capital privado.
Com o Córrego da Barroca já canalizado e a terraplenagem realizada foi possível dar continuidade a Avenida Amazonas, cujo projeto da Comissão Construtora limitava a via a Avenida Barbacena e também favoreceu a ocupação do bairro Santo Agostinho. O prolongamento da Avenida se deu justamente para oeste, direção em que a cidade se expandia.
A abertura e complementação da Avenida Amazonas e a construção da Cidade Industrial serviu para aumentar a expansão na direção oeste e em conseqüência se teve o aumento das ocupações de suas áreas adjacentes. O acesso a essas áreas antes era feito pelo Calafate e Prado Mineiro. A Rua de Contagem que levava a diversas vilas e ao balneário da Ressaca também foi responsável pela expansão para oeste.
A pavimentação foi uma das benfeitorias que mais se fez na capital. Foi na gestão de JK que se asfaltou a Avenida Afonso Pena, Santos Dumont e Paraná, tudo isso dentro do seu projeto modernista para a capital. O calçamento retirado dessas vias foi utilizado nas ruas do bairro de Lourdes e Santo Agostinho.
Alem da aberturas das vias já citadas a Prefeitura realizou a abertura de inúmeras ruas nas áreas da capital que apresentavam um notável crescimento como as Vilas Santo André e Maria Brasilina (bairro Sagrada Família) e em diversos bairros da zona suburbana, como por exemplo o Santa Efigênia a Serra.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1941.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1941.
Fonte: Acervo MHAB
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1941.
Diversas canalizações foram realizadas no decorrer dessa década. A continuação da canalização do Córrego do Pastinho e do Ribeirão Arrudas foram as mais notáveis. Grande parte do Arrudas foi canalizado em direção ao Calafate. Foram também realizadas a canalização do Córrego dos Pintos no Prado sobre o qual foi aberta a Avenida Francisco Sá entre a Avenida Amazonas e a Rua Platina, o Córrego da Mata (Avenida Silviano Brandão) e o córrego que atravessava parte do bairro de Santa Efigênia numa extensão entre a Avenida Francisco Sales e a Rua Grão Pará. Era uma área pantanosa e insalubre e que, aterrada em 1941 permitiu o prolongamento dessas vias e a ocupação por residências.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1941.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1941.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1941.
Trecho do Córrego do Acaba Mundo já alargado, no cruzamento das ruas Professor Morais e Tomé de Souza.
Fonte: APCBH/ASCOM
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1949.
A terraplanagem das áreas próximas ao Museu Histórico favoreceu a rápida urbanização dessa região durante a década de 40. Grande parte da Cidade Jardim estava reservada para a construção da cidade universitária (as faculdades de Farmácia e Odontologia foram construídas nesse período e ai funcionaram até poucos anos atrás) e quando se optou por construí-la na região da Pampulha em 1941 resolveu-se vender os lotes para a construção de um bairro para a elite além da cessão de terrenos para a Igreja Católica fundar algumas instituições de ensino.
Conforme escrito no PLAMBEL²² a Prefeitura doou inúmeros terrenos a diversas entidades no período compreendido entre a segunda metade da década de 30 e a primeira metade da década de 40 visando promover a ocupação de áreas que interessavam a municipalidade urbaniza-las. Citamos como exemplo a Cidade Jardim que recebeu colégios católicos e algumas faculdades, todas instaladas em terrenos doados por ela. A área no entorno do Seminário Coração Eucarístico, construído em 1926 também foram doadas a Igreja Católica que a loteou posteriormente formando os atuais bairros Dom Cabral e Coração Eucarístico.
Os anos 40 foi uma década marcada pelas desapropriações. As desapropriações em massa ocorriam na verdade desde a década de 30, sendo a mais notável delas as terras em que se construiu a Lagoa da Pampulha. No inicio da década de 40 as desapropriações para a construção da cidade universitária e cidade industrial foram as de maior vulto. Ocorreu também a desapropriação de terras para a construção da Escola Técnica Federal, atual CEFET.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1949.
Operários trabalhando na regularização das ruas na Cidade Jardim em 1949. Ao fundo o Casarão da Fazenda do Leitão já reformado e transformado em Museu.
Fonte: BH Nostalgia
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1949.
Prolongamento da Avenida Afonso Pena acima da Praça do Cruzeiro. A direita uma parte da Favela do Pindura Saia. A intenção da municipalidade ao realizar essa obra era de construir um túnel entre Belo Horizonte e Nova Lima para facilitar o acesso ao Rio de Janeiro, feito nessa época a partir da Estrada do Taquaril, sinuosa e extremamente perigosa.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1941.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1949.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1949.
Desde a sua inauguração Belo Horizonte carecia de um teatro que comportasse um numero significativo de pessoas. O Teatro Soucasseaux inaugurado em 1899 funcionou provisoriamente em um dos galpões da Comissão Construtora. Em 1906 começaram as obras do Teatro Municipal, no local do primitivo teatro. Ele foi, de fato por muito tempo o único teatro de Belo Horizonte e no inicio dos anos 40 passava por uma reforma visando atender às necessidades da população da capital. Característico da administração JK o antigo teatro foi vendido, se transformando no Cine Metrópole e teve-se inicio as obras do novo teatro, cuja autoria era de Oscar Niemeyer e localizado em uma das extremidades do Parque Municipal. Vale registrar que a construção do novo teatro mutilou ainda mais o Parque, suprimindo boa parte da sua extremidade voltada para a Avenida Afonso Pena. Foi nesse período em que, visando melhorar a interação da população com o Parque Municipal a Prefeitura opta pela retirada das grades que o separavam das vias, permanecendo assim até meados dos anos 70.
Como as obras do Teatro se encontravam paralisadas em 1949 é construído, também no Parque Municipal o Teatro de Emergência visando suprir a falta de casas de teatro na capital.
Parque Municipal sem as grades.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1941.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1949.
O Complexo da Pampulha
No inicio da década de 40 o Prefeito JK chamou o urbanista francês Donat Alfred Agache com o intuito de organizar e planejar áreas para a expansão urbana da capital. Entre outras medidas o urbanista sugere que deveria se construir uma cidade satélite na Pampulha visando o cultivo das terras ao redor da Represa para o abastecimento de Belo Horizonte. Juscelino Kubitscheck resolve não adotar a sugestão do urbanista optando por construir ali um conjunto arquitetônico e paisagístico, que se tornaria um marco da arquitetura modernista no Brasil.
A represa construída na gestão de Octacílio Negrão de Lima tinha como finalidade abastecer a capital e servia para a prática de esportes aquáticos. Na gestão JK a região se tornou a principal medida da Municipalidade para projetar a capital de Minas como uma capital moderna em meio ao tradicionalismo reinante no estado. Era a recuperação do ideal no qual os republicanos da nascente republica se apoiaram para levar adiante a ideia de uma nova capital para o estado, o modernismo que romperia com o passado colonial.
A Represa da Pampulha foi construída na calha do Ribeirão Pampulha, formado pelas águas dos Córregos Ressaca e Sarandi além de outros cursos d'água tributários do Ribeirão. Após a sua construção houve um descaso em relação à preservação das nascentes da bacia do Ribeirão e devido à ocupação desordenada das cabeceiras do Ribeirão e do conseqüente desmatamento a Represa, inicialmente destinada ao abastecimento de água da capital foi transformada em área de lazer para a população belo-horizontina e amplamente utilizada pela administração JK para promover a capital como uma capital moderna e também como um atrativo turístico de uma cidade de meia idade. Para se ter uma ideia da importância dada a Pampulha no relatório apresentado ao Conselho Deliberativo em 1942 pelo Prefeito foram 32 páginas dedicadas a explicar e exaltar o conjunto arquitetônico e paisagístico da Pampulha.
O interessante é que a Represa fornecia água somente para os bairros nobres que foram surgindo na região da Pampulha, ou seja, uma represa destinada a desafogar, literalmente o abastecimento de água da capital foi utilizada somente para o abastecimento de uma classe privilegiada.
A Pampulha impulsionou definitivamente o crescimento na direção norte de Belo Horizonte juntamente com o Aeroporto e a cidade universitária, criada no inicio da década.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1941.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1941.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1941.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1941.
Nos últimos anos da década de 40 foram retomados com uma maior intensidade os serviços de calçamento e esgotos em toda a capital. Esses serviços não acompanhavam satisfatoriamente o crescimento urbano, pois muitas das ruas abertas, principalmente nas seções suburbanas ainda eram de terra. Já os esgotos causavam um transtorno maior para a municipalidade, devido a falta de redes próprias eles eram jogados in natura nos cursos d’água que atravessavam a capital, aumentando o risco de doenças e poluindo as suas águas, principalmente as do Ribeirão Arrudas. Apesar da construção e a reparação das redes o problema foi parcialmente resolvido, pois os esgotos eram despejados sem tratamento no final da canalização do Arrudas, empurrando o problema para as populações que habitavam o seu vale.
Belo Horizonte chegou ao final da década de 40 superando todas as expectativas de crescimento previstas com um pouco mais de 350.000 habitantes, um crescimento de cerca de 65%. A já cinqüentenária cidade havia deixado para trás parte do seu passado conservador, mesmo tendo nascida como uma cidade moderna, que negava as suas origens coloniais. A capital no decorrer da década se afirmou em definitivo como um centro industrial, comercial e financeiro além da função administrativa. A Pampulha e os arranha-céus do centro ditaram a arquitetura das edificações por vários anos. O crescimento urbano foi ditado pelas duas obras de maior vultuosidade: a Cidade Industrial, que impulsionou ainda mais o crescimento na direção oeste e a Pampulha na direção norte. A verticalização, consolidada na área central atendia na sua quase totalidade a fins comerciais, coisa que irá mudar a partir da década de 50 com a construção dos primeiros condomínios residências acompanhando o boom populacional que colocou a capital como uma das grandes metrópoles do país nas décadas seguintes.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1948.
Fonte: APCBH Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, 1948.
¹ Vi essa Planta pela primeira vez em 1999 no extinto site www.belohorizonte.com.br. Esse site disponibilizava as Plantas Cadastrais e imagens de Satélite entre as décadas de 40 e 90, uma joia para qualquer pessoa que tenha interesse em pesquisar nessa área. O site, se não me engano saiu do ar há cerca de oito anos e espero que um dia volte, pois facilitaria (e muito) as pesquisas sobre a expansão urbana e a ocupação espacial de Belo Horizonte.
¹² Relatório do Prefeito Octacílio Negrão de Lima apresentado a Câmara Municipal em 1949.
¹³ O nome IAPI vem do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários, que foi o financiador da obra.
²¹ A Rua Jacuí fazia parte das antigas Estradas Municipais que cortavam Belo Horizonte. Ela também dava acesso aos depósitos da Esso onde hoje está a Concessionária Garra. As Ruas Padre Eustáquio, Itapetinga, Isabel Bueno, Platina, Padre Pedro Pinto entre outras faziam parte dessas Rodovias Municipais que hoje, na sua maioria foram absorvidas pela malha urbana e transformadas em vias coletoras. (Informações fornecidas pelo Engenheiro Flavio Edenlar Pereira da Silva).
²² O processo de desenvolvimento de Belo Horizonte, 1979 p. 249
* ASCOM - Assessoria de Comunicação Social do Município (as imagens estão sob a guarda do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte). Para saber mais sobre a arquitetura da capital recomendo o excelente site www.arqbh.com.br
muito boa as imagens
ResponderExcluirótimo, levantou saudades
ResponderExcluirótimo, deixou saudades
ResponderExcluirMuito comovido rememoro estes idos tempos de minha mocidade
ResponderExcluirah como e bom reviver aqueles tempos em que estudava no Grupo Escolar Augusto de Lima e de volta pra casa dp da aula passava ali pela Afonso Pena subia pela caixa d'agua pra sair la do outro lado da rua Cobre. Qta saudade...
Excluirmuita emocao lembrar daqueles tempos... rever imagens que nunca sairam de minha mente saudades...
Excluirparabéns! excelente contribuição para os estudiosos do assunto!
ResponderExcluirParabéns. Memórias de uma jovem cidade já sem muito da sua história.
ResponderExcluirAlém de achar o site fantástico, acho de utilidade pública!
ResponderExcluirMas vim aqui para alertar (ou não) um possível erro na última foto desta postagem: fala-se da vista do Bairro Floresta, mas a foto parece ter sido tirada da antiga Feira de Amostras (ou Praça Rio Branco), assim, teoricamente, estaria ao lado esquerdo do fotógrafo. A parte que pega a esquerda seria mais o Sta. Efigênia e o (hoje) São Lucas, não? Creio que a foto pegou menos que a metade do "quarteirão" entre a Av. Francisco Sales e o início/final do viaduto Sta. Teresa. Aquele cruzamento logo em primeiro plano, na foto, seria a Av. Afonso Pena com Caetés e Curitiba; pela legenda, dá a entender que a foto foi tirada "ao contrário" do que está (com o Floresta aparecendo, em parte, ao fundo).
Bom..é uma visão minha, talvez esteja errado! Só quero ajudar porque quem não conhece bem a região pode ficar meio perdido ou não entender!
Abraços!
É natural a confusão do Sr. Daniel. Esta foto foi tirada de prédio acima da praça Sete. Em baixo vemos em primeiro plano a Av. Amazonas. Fazendo asterisco com ela temos a rua R. Tamoios e r. S. Paulo.
ExcluirNo quarteirão abaixo vemos a praça Sete com as árvores circundando.
Vê-se à esquerda o cine Brasil e à direita um prédio já demolido, dando lugar ao Banco Itaú. O edifício mais alto nesta foto trata-se do Hotel Financial. Como já moro aqui desde 1958 espero que não tenha me enganado também. Abraços
Beleza? Obrigado pelos comentários! Essa foto foi tirada do Edifício Tupi (balança mas não cai) logo após a sua construção. Atrás dos prédios está grande parte do bairro Floresta e ao fundo as montanhas que atualmente dividem Belo Horizonte, Santa Luzia e Sabará. Na mesma foto você também pode ver o Hotel Financial e o Edifício Lutélia além do Edifício Dantês em construção. A Feira de Amostras ficava bem a esquerda da foto. O cruzamento em primeiro plano são as ruas São Paulo e Tamoios mais a Avenida Amazonas. No mais obrigado!
ResponderExcluirNossa, é mesmo! Esqueci das árvores que tinham na Afonso Pena na época! Desculpa ai, rs!
ResponderExcluir(Mas olhando pelo Google Maps, dá para enganar com a visão que temos da praça que citei, nos dias de hoje. Até os cruzamentos quase que estão nos mesmos lugares!)
Abraço forte e tô sempre seguindo aqui!
belo era linda nunca imaginava como bh era linda
ResponderExcluirBH, belo H.
ResponderExcluirNão há que se falar, mas admirar ou por sorte, morar!
Parabéns pelo trabalho.
essa é uma história de que vale a pena ver de novo.
ResponderExcluirqueria eu ter vivido estes tempos, tempos dificeis mas de muita alegria e desbravamento que inveja eu tenho dos velhinhos de hoje cheios de historia e contos hoje que as coisas sao mais faceis o povo faz tudo se tornar dificil
ResponderExcluirDiante da crise do capital a nível internacional e da necessidade de contenção de gastos, creio que a Lagoa da Pampulha deveria ser repensada e no seu lugar deveria criar um parque como o Central Park de Nova Iorque ou Parque Ibirapuera de São Paulo. Com certeza teríamos um acréscimo em turistas na região e evitaríamos gastos como os orçados anualmente para a manutenção da Lagoa da Pampulha.
ResponderExcluirCustos:
http://www.apaps.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=435
http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/12/21/interna_gerais,481472/pbh-garante-verba-para-desassoreamento-e-despoluicao-da-lagoa-pampulha.shtml
http://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2014/09/08/desassoreamento-de-lagoa-em-belo-horizonte-revela-populacao-de-jacares.htm
Edson, o espelho d'água é de uma beleza indescritível e aterrá-lo seria desastroso sob a ótica estética, arquitetônica e até ambiental visto que ele contribui para o clima da Pampulha. Vale lembrar que a lagoa já tem um terço de sua área aterrada devido ao assoreamento causado pela poluição e urbanização de áreas a montante dos córregos que contribuem para a formação do lago. Nesta área aterrada um grande parque foi implantado e que deve no futuro, de alguma maneira dependendo da vontade da população e poder público, fazer o papel de um "Central Park".
ResponderExcluirFiquei impressionado com a foto do viaduto da Itapetinga - passo toda hora aí e a visão de 1949 é praticamente a mesma de hoje. Até o guarda corpo é o mesmo! E na foto da casa do Baile, faltou mencionar o famoso redondo, que aparece em primeiro plano, já nessa época! Impressionante!!!!! Muito boas as fotos e excelente pesquisa! Vou colocar o link no meu blog também!
ResponderExcluirImagens primorosas de um tempo que não volta mais, deixando impregnado em meu coração indefinível sentimento de saudade. Pena não figurar entre tantas e tão belas fotos a imagem da casa onde nasci, nos primeiros anos da década de 40, casa belíssima, solitária, lá no alto do Morro Papagaio",ainda existente e em ruínas, rodeada pela favela. Em baixo dela, a Olaria Santa Maria, de propriedade de meu saudoso pai Francisco dias Barbosa, onde, décadas depois deu lugar à Barragem Santa Lucia.Saudade!
ResponderExcluirOlá Ayrton, o senhor teria um email de contato? Obrigado!
ExcluirEstou fazendo um trabalho de hidrologia e pesquiso sobre o Córrego da Matta onde você cita a sua canalização há mais informações e principalmente fotos
ResponderExcluire poesia?
Alessandro, parabéns pelo seu Blog ! Grande contribuição para a história de Belo Horizonte e região.
ResponderExcluirHouve uma perda na história iconográfica de Belo Horizonte porque não se tem nenhuma imagem da antiga concha acústica, edificada no interior do Parque Municipal.
ResponderExcluirTenho essa imagem em meus arquivos, vou postá-la aqui nos próximos dias.
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