Imagem de Satélite de Belo Horizonte em 1956.
Fonte: PANORAMA de Belo Horizonte; Atlas Histórico. Belo Horizonte, FJP; 1997.
A imagem acima foi tirada no ano de 1956 pelos Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul na escala 1:25000 para a recém fundada Companhia Energética de Minas Gerais para fins de planejamento. Na imagem destacam-se grande parte da Zona Urbana de Belo Horizonte (trecho compreendido dentro da Avenida do Contorno) e grande parte das zonas leste e sul, sendo que esta ultima ainda se encontrava em um lento processo de expansão devido a precariedade dos acessos a região e a irregularidade do relevo, visto que suas terras compreendem grande parte das cabeceiras dos córregos que nascem nas vertentes da Serra do Curral e que atravessam a região central de Belo Horizonte.
Dois desses córregos estão sinalizados na imagem: o córrego do Leitão à esquerda e o córrego do Acaba Mundo à direita. É notável a retificação e a canalização desses cursos d’água dentro do perímetro da Avenida do Contorno, moldados conforme a Planta da capital. Já o trecho atravessado por eles na Zona Suburbana a canalização foi realizada somente nos anos 60/70 quando se dá a grande expansão urbana para o sul da capital mineira, ocupadas principalmente pelas classes mais abastadas que fugiam da iminente congestão urbana da região central de Belo Horizonte. Ainda na Zona Suburbana está destacado o curso do córrego do Pastinho que se encontrava canalizado nessa época até a Rua Manhumirim. É importante ressaltar que os três cursos d’água em questão foram retificados em canal a céu aberto, sendo cobertos somente nos anos seguintes.
O Ribeirão Arrudas também se encontrava canalizado somente na Zona Urbana, o trecho atravessado por ele fora do perímetro da Contorno nessa época ainda estava em grande parte no seu leito natural. Na imagem pode-se ver que as suas margens estavam ocupadas apenas por algumas cafuas pertencentes a Favela do Perrella, a beira da Avenida do Contorno. As Favelas União (Ilha do Urubu), Baiana, Gógó da Ema e Cardoso ainda não haviam se estabelecido as margens do Arrudas nessa época.
Na região central da capital a verticalização é notável na imagem, consolidada nessa década de 50 com o inicio da construção dos grandes conjuntos habitacionais. A ocupação urbana dentro dos limites da Contorno na década de 50 já estava quase concluída, apenas a região do bairro Santo Agostinho, na margem esquerda do Leitão ainda estava por ser urbanizada. Na zona suburbana, no que diz respeito a ocupação urbana nessa década ainda não haviam sido ocupadas as áreas mais próximas das nascentes dos córregos do Gentio (Anchieta e Comiteco) e Mangabeiras. Essas terras foram loteadas e urbanizadas na década seguinte, nos terrenos cedidos para a FERROBEL, mineradora que se instalou na Serra do Curral em 1961. O vazio existente nessas áreas e nas terras posteriormente ocupadas pelo Morro do Papagaio e cortada pela BR-3 é marcante e corrobora o que já foi exposto até agora: o vertiginoso crescimento da capital para as regiões norte e oeste proporcionado pela baixa declividade do relevo, necessidade de preservação das nascentes do Complexo da Serra do Curral além da especulação imobiliária que, aliada ao Poder Público reservou as terras mais altas para a população de maior poder aquisitivo.
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