Avenida Prudente de Morais, 1971.
APCBH acervo Sudecap


     Dentro da série "Paisagens Pretéritas", hoje publico uma imagem da abertura da Avenida Prudente de Morais no ano de 1971, perspectiva centro/bairro, no trecho próximo a Rua Antônio Dias. A Avenida, aberta sobre o córrego do Leitão, havia sido projetada na década de 1920, mas as obras de abertura se iniciaram na segunda metade da década de 1960, sendo executadas em duas partes: a primeira parte consistiu na cobertura do Leitão entre a Avenida do Contorno e Rua Joaquim Murtinho, e a segunda parte consistiu na cobertura do curso d'água entre a Rua Joaquim Murtinho e a barragem Santa Lúcia.
     
     A abertura erradicou a Favela da Alvorada, que ocupava as margens do curso d'água desde a década de 1950, ao mesmo tempo em que cobriu grande parte do Leitão à montante da Avenida do Contorno, ressaltando que no período o curso d'água era simultaneamente coberto na zona urbana planejada. Observa-se ainda na imagem parte dos bairros Coração de Jesus e Luxemburgo, que se encontravam em franca urbanização, e ao fundo o Mosteiro Nossa Senhora das Graças e a Casa Santíssima Trindade. Mais ao fundo destaca-se ainda uma parte da linha de cumeada correspondente ao interflúvio Leitão/Piteiras onde se abriu a Avenida Raja Gabaglia anos mais tarde.

     O córrego do Leitão, quando da chegada da Comissão Construtora da Nova Capital ao arraial de Belo Horizonte, no ano de 1894, dividia as fazendas do Capão e do Leitão, propriedades rurais que guardavam as suas cabeceiras e grande parte das terras que formavam a sua bacia. O curso d'água, coberto e esquecido por muitos sob o "asfalto do progresso", assim como outros importantes elementos de referência geográfica na paisagem da nova capital, profundamente modificada ao longo dos cento e vinte e dois anos de aterramentos, terraplenagens, esgoto, concreto e asfalto, ainda habita o pensamento de muitos dos novos curralenses (aonde, nos meus quase 40 anos de existência me incluo, por ter sido durante mais de três décadas um barranqueiro da margem leste), que buscam em suas memórias e lembranças ou nas memórias dos acervos e dos antepassados que um dia conheceram, se banharam e se hidrataram em suas águas a compreensão da importância em que o Leitão, um topônimo importante que guarda a última reminiscência curralense na paisagem urbana, possuía e possui no processo de invenção e consolidação da urbe belorizontina.        

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