Córrego do Leitão, 1949.
Acervo APCBH/ASCOM
Dando continuidade às "paisagens pretéritas" da porção sul de Belo Horizonte, a imagem de hoje remete ao ano de 1949, quando das obras de construção do sistema de drenagem do bairro Cidade Jardim, localizado na margem oeste do córrego do Leitão.
A imagem, identificada e datada pelo autor que vos escreve, mostra o choque de elementos rurais e urbanos, uma clara persistência do rural no vale do córrego do Leitão, que durou até a década de 1960 (recomendo a leitura do artigo O vale do córrego do Leitão, escrito em 2011), ao mesmo tempo em que ações antrópicas já impactavam o leito de maneira notável.
À esquerda da imagem se encontra parte do bairro Santo Antônio, de origem agrícola, onde o córrego figurava como um elemento que não permitia a sua expansão de maneira regular. À direita parte dos bairros Cidade Jardim e Coração de Jesus, surgidos ao longo da Rua Conde de Linhares, um antigo caminho que ligava a região central aos sítios que existiam próximos a Barragem Santa Lúcia, que nesse momento se encontrava em projeto. É importante observar que a barragem foi construída a partir dos açudes projetados pela CCNC para a região agrícola da nova capital (recomendo a leitura do livro Rios invisíveis da metrópole mineira).
O curso d'água, no ano de 1894, era o divisor de parte das fazendas do Leitão e do Capão, ao mesmo tempo em que suas amplas cabeceiras, espalhadas por um notável anfiteatro que servia de divisa com a Fazenda do Cercadinho e os terrenos devolutos da Lagoa Seca, foram desconsideradas para o abastecimento de água da nova capital. Observa-se que, no momento da imagem, o curso d'água se encontrava retificado e canalizado a partir da Avenida do Contorno, local onde se realizou o registro fotográfico, ao mesmo tempo em que a perspectiva obtida do local possibilita a visualização das cabeceiras e respectivas divisas rurais de um passado não tão distante no período (1949).
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