Retificação do córrego do Leitão no bairro de Lourdes em 1928.
Fonte: Fundação Getúlio Vargas/CPDOC
A imagem acima nos remete à segunda metade da década de 20, período em que se empregou as canalizações dos cursos d'água que atravessam a zona urbana de Belo Horizonte. Abordado em artigos anteriores, a canalização do córrego do Leitão permitiu a continuidade da expansão do bairro de Lourdes, iniciada alguns anos antes na vertente à direita do córrego.
O registro fotográfico acima, datado de 1928 foi registrado no cruzamento da Avenida Alvares Cabral com Rua São Paulo e nos apresenta uma região ainda desabitada, porém com duas casas recém construídas e isoladas do restante do bairro, visto que o acesso a elas provavelmente se dava pelo Barro Preto para o transporte de materiais, mesmo que a imagem talvez tenha sido tirada de uma pequena ponte. A venda de terrenos urbanos em áreas que não apresentavam as mínimas condições para a sua urbanização, visto que esses locais ainda não possuíam uma infra-estrutura mínima para tal ocupação (equipamentos urbanos) é uma característica peculiar que Belo Horizonte apresentou entre os anos de 1926/1935. É um incomodo à visão do observador a presença dessas casas no meio de uma paisagem ainda inóspita, e soa mais estranho ainda se imaginarmos que em 1928 essa paisagem tipicamente rural estava a apenas 1200 metros da Praça Sete e a 700 metros do Palácio da Liberdade!
A inexistência das vias projetadas pela CCNC em 1894 é marcante na imagem, além da presença de terras anteriormente utilizadas para pastagem e para o plantio de grãos. É bom ressaltar que parte das terras que se vê na imagem pertenciam anteriormente a Fazenda do Leitão, desapropriada em 1894 pela CCNC. As cabeceiras do córrego, atualmente ocupadas pelos bairros São Bento e Santa Lúcia se destacam ao fundo da imagem, assim como uma pequena parte do Complexo da Serra do Curral. Pode-se ver à esquerda o antigo Quartel da Cavalaria e a continuação da Rua São Paulo à sua direita. A ponte que existiu na Avenida Alvares Cabral e o emissário de esgotos da margem direita do Leitão também podem ser vistos na imagem. Esse emissário fazia parte do plano estabelecido pelo Governo para a captação dos efluentes destinados ao tratamento em uma ETE que seria construída logo abaixo da Avenida do Contorno no bairro Santa Efigênia. Os emissários evitariam o despejo direto do esgoto doméstico nos cursos d'água da capital, mas a falta de investimentos por parte do Poder Público acabaram por converte-los em verdadeiros emissários a céu aberto nas décadas seguintes. O resquício de uma mata à direita na imagem e a inexistência de terraplanagem necessária para a abertura de vias e quarteirões corrobora a persistência do rural no vale do Leitão, mesmo após as desapropriações das terras compreendidas dentro da Avenida do Contorno e a extinção das colônias agrícolas que circundavam a zona urbana da capital.
A imagem, de extrema importância para a compreensão da mudança espacial e da ocupação urbana no bairro de Lourdes mostra a transição de uma paisagem tipicamente rural para o urbano e nos apresenta a perspectiva imaginada pela Comissão, ao locarem a Planta da nova capital na base da Serra do Curral. Essa visão privilegiada do Complexo da Serra, que seria visualizada de quase toda a zona urbana infelizmente foi esquecida pelo Poder Público, ao permitir a verticalização desenfreada dentro e fora dos limites da Contorno.
A inexistência das vias projetadas pela CCNC em 1894 é marcante na imagem, além da presença de terras anteriormente utilizadas para pastagem e para o plantio de grãos. É bom ressaltar que parte das terras que se vê na imagem pertenciam anteriormente a Fazenda do Leitão, desapropriada em 1894 pela CCNC. As cabeceiras do córrego, atualmente ocupadas pelos bairros São Bento e Santa Lúcia se destacam ao fundo da imagem, assim como uma pequena parte do Complexo da Serra do Curral. Pode-se ver à esquerda o antigo Quartel da Cavalaria e a continuação da Rua São Paulo à sua direita. A ponte que existiu na Avenida Alvares Cabral e o emissário de esgotos da margem direita do Leitão também podem ser vistos na imagem. Esse emissário fazia parte do plano estabelecido pelo Governo para a captação dos efluentes destinados ao tratamento em uma ETE que seria construída logo abaixo da Avenida do Contorno no bairro Santa Efigênia. Os emissários evitariam o despejo direto do esgoto doméstico nos cursos d'água da capital, mas a falta de investimentos por parte do Poder Público acabaram por converte-los em verdadeiros emissários a céu aberto nas décadas seguintes. O resquício de uma mata à direita na imagem e a inexistência de terraplanagem necessária para a abertura de vias e quarteirões corrobora a persistência do rural no vale do Leitão, mesmo após as desapropriações das terras compreendidas dentro da Avenida do Contorno e a extinção das colônias agrícolas que circundavam a zona urbana da capital.
A imagem, de extrema importância para a compreensão da mudança espacial e da ocupação urbana no bairro de Lourdes mostra a transição de uma paisagem tipicamente rural para o urbano e nos apresenta a perspectiva imaginada pela Comissão, ao locarem a Planta da nova capital na base da Serra do Curral. Essa visão privilegiada do Complexo da Serra, que seria visualizada de quase toda a zona urbana infelizmente foi esquecida pelo Poder Público, ao permitir a verticalização desenfreada dentro e fora dos limites da Contorno.
Parte da Planta Cadastral de 1928 onde se destaca o local em que se obteve a imagem acima.
Fonte: APCBH
Alessandro, fantástico o seu trabalho !!! Parabéns pelo blog que eu conheci há pouco !!! Já pensou em escrever um livro sobre a evolução urbana de BH? Grande abraço, Emmanuel Martins
ResponderExcluirObrigado Emmanuel! Sim, nos próximos tempos deve sair um livro sobre o processo de desenvolvimento de BH, até porque estou tendo problemas com plágio, tem gente que está utilizando artigos do blog e vendendo por ai impresso, sendo que a finalidade do blog é promover um resgate da memoria urbana de BH, história que pertence a todos nós! No futuro será postado aqui a respeito do livro, que terá uma vasta abrangência em relação ao desenvolvimento da capital. Obrigado!
ExcluirParabéns Alessandro! Não conhecia o Blog, achei fantástico. O conheci através de postagem na página do grupo do face "Fotos Antigas de Belo Horizonte".
ResponderExcluirPostagem de Fernando Castro, hoje 02 de maio de 2020. Amo minha cidade natal e procuro acompanhar sua vida...Infelizmente a vida me levou a estar longe, sem deixar de visitá-la volta e meia. Meu tio-avô, "Chico das Águas" (Francisco Fernandes dos Santos) era "bombeiro" e trabalhou na implantação do sistema de águas e esgotos da cidade. Você deve conhecer uma edificação na esquina de Contorno com R. de Lavras(onde ha pouco tempo era uma Drogaria Araújo), ali era de minha família e onde ele abriu sua oficina de bombeiro! Será que encontro registros dele ou desta época? Acabei de adquiri os dois volumes do livro Sob as Sombras do Curral D'El Rey que vc cita na bibliografia. Obrigado! Parabéns novamente pelo trabalho. Abraços. Julio Fernandes de Almeida
Olá Julio, que bacana! Conheço demais a edificação, morei ali perto por muito tempo, espero que goste dos livros, obrigado!
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