Parte da bacia do ribeirão da Onça no ano de 1922, em destaque as denominações "da Onça" e "da Izidora" trocadas ao longo do século XX a partir da imposição de uma toponímia machista.
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Já foi explicado em diversos artigos e no livro Rios Invisíveis da MetrópoleMineira o porquê de se trabalhar com a bacia do ribeirão Arrudas, da qual se irradiou todo o processo de desenvolvimento urbano de Belo Horizonte, por ser o sítio escolhido para abrigar a nova capital do Estado, apesar de que, em diversas passagens do livro, se fala das regiões da Onça e da Izidora, pois tudo está conectado apesar das divisas naturais, barreiras artificiais e mesmo mentais, assim como a ideia de cuidar apenas do seu quintal, sem se preocupar com o que acontece com o vizinho, nesse caso a bacia limítrofe e mesmo a própria bacia. Atitudes que só servem para desfragmentar todo o processo da quebra do paradigma das águas urbanas.
Venda Nova e em destaque o córrego do Vilarinho na década de 1940.
Fonte: APCBH
Pois bem, em termos gerais, a
bacia do ribeirão da(o) Onça é a maior bacia do município, abrangendo ainda parte
do município de Contagem, superando em cerca de 7km² a bacia do ribeirão
Arrudas. O ribeirão recebe essa denominação a partir da confluência do ribeirão
Pampulha e o córrego da Cachoeirinha, no local assolado pelos transbordamentos
na região do bairro São Gabriel. A Onça recebe ainda o ribeirão da Izidora
(Isidora da Costa), seu principal afluente e receptor de uma considerável parcela
da água escoada da região de Venda Nova. Exceção feita à região da Venda Nova e
de alguns povoados no entorno, a bacia passou a “existir oficialmente” a partir
de 1930, com a construção do novo matadouro da capital. A montante do Matadouro
Modelo estavam o arraial da Pampulha e aos loteamentos aprovados na região a
partir da década de 1920.
A região, de suma importância
politica para o município, de fato passou a receber investimentos vultosos a
partir da década de 1970 e os velhos e ultrapassados métodos aplicados
erroneamente e eternamente na bacia do Arrudas (não falo apenas da rede hidrográfica,
mas sim de muitos dos elementos presentes no espaço, pois nos artigos futuros
não será falado apenas dos cursos d’água) foram pulverizados por toda a região.
Sendo assim, naturalmente, os mesmos problemas que assolam o núcleo urbano
inicial da capital passaram a fazer parte do cotidiano da população, a partir
do notável adensamento das terras onçanianas.
Ribeirão da Onça no ano de 1982.
Fonte: PBH/Laudelina Garcia
Apesar dos notáveis transbordamentos disseminados por toda a bacia, ainda existem dezenas de
cursos d’água em leito natural, muitos incrivelmente invisíveis para a cidade, naturalmente
poluídos e espalhados por toda a bacia, além de resquícios históricos e marcos
referenciais importantíssimos para a cidade e para a sua população. Isso tudo a uma pequena distância da região central da capital.
Talvez a solução e o exemplo
para a irreversível reabilitação dos cursos d’água da bacia do Arrudas e o próprio
ribeirão esteja na bacia do Onça, que poderá resgatar e promover o
(re)conhecimento da importância das águas urbanas, assim como a necessidade do
resgate do convívio com esse importante elemento, necessário e imprescindível para
o nosso cotidiano. Movimentos para isso já existem, sem duvida estamos em um
caminho sem volta, para melhor.
Cachoeira do ribeirão da Onça em imagem de 2011.
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Cágados nas poluídas águas da Onça, na altura do bairro Ribeiro de Abreu.
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O belo e poluído ribeirão Pampulha no ano de 2015.
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O ribeirão da Izidora no ano de 2014.
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Pressão urbana sobre um curso d'água pertencente a bacia da Onça.
Detalhe para as águas que naturalmente não se encontram livres dos
efluentes e dos resíduos sólidos, apesar da existência recente dos
interceptores de esgotos.
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Muito bom
ResponderExcluirParabéns! Tá na primeira página do google quando digita Ribeirão Onça.
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